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02/12/2022

Reaprender o tempo

Reaprender o tempo - Vida Cristã - Arquidiocese de Goiânia

O Advento, como tempo litúrgico, é uma escola de aprendizagem do tempo e deve reverberar em todas as esferas da vida do cristão. Se tentamos adequar o tempo da Igreja no tempo em que vivemos – de trabalhos, estudos e múltiplos afazeres –, certamente iremos perceber um descompasso. Com o avanço da digitalização e numa sociedade hipermidiatizada, Byung-Chul Han, em Infocracia: digitalização e a crise da democracia, afirma que acontece uma mudança radical com a nossa percepção, a nossa relação com o mundo e a nossa convivência. “Ficamos atordoados pela embriaguez de comunicação e informação” (HAN, 2022, p. 25). Há o excesso e a aceleração da informação, na qual não é possível “demorar”, muito menos parar. Somos coagidos a nos informar constantemente e simplesmente não temos tempo para uma ação racional.

 

Ao escrever sobre o que é o Advento, o poeta e cardeal português José Tolentino Mendonça afirma que é o interromper a conversa. “O Advento é uma interrupção. A conversa interrompe-se. E interrompe-se com um cortejo, que nos vem anunciar um nascimento, que nos vem abrir os olhos para olharmos para a vida, a vida no seu milagre, na sua essencialidade, a vida Vida, a vida estreme, a vida sem mais. Porque Jesus nasce e o que nós temos é a vida estreme.”

 

Podemos entender esta interrupção como a necessidade que cada pessoa tem para se re-conectar, re-ligar com Deus, com o outro e consigo mesma. Por isso, o Advento se torna um tempo oportuno para uma verdadeira gravidez espiritual que fecunda a nossa ação pastoral no decorrer do tempo. É a interrupção dos cansaços, dos dissabores, das dificuldades para renovar nossa vida na Vida verdadeira. É o tempo de arrumar a casa e perceber a mística do instante que, às vezes, passa despercebida nas correrias do dia a dia.

 

As quatro semanas que compõem o Advento se configuram num verdadeiro retiro espiritual. A Palavra proclamada dá sentido ao itinerário preparatório do Natal, composto por uma dupla característica: a comemoração da primeira vinda do Filho de Deus e, por meio desta lembrança, os corações se enchem de expectativa pela segunda vinda do Cristo no fim dos tempos (cf. Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 39).

 

O Advento é tempo de escuta atenta à Palavra que nos interpela pelo profeta Isaías e demais profetas, pela exortação à vigilância presente nas leituras apostólicas e pelos relatos dos Evangelhos. É uma oportunidade ímpar de deixar que o Logos de Deus, prestes a se fazer carne mais uma vez no tempo, nos ajude a rever a nossa relação com o tempo e a melhorar o tempo das nossas relações. Uma pausa para escuta do outro, para um sorriso, para um abraço. É preciso essa pausa, porque no interior do Logos há uma temporalidade que não se dá com a comunicação acelerada e fragmentada. E não há forma melhor para reaprender com o tempo do que na escola do Eterno, com um menino que vem habitar em nosso meio para nos ensinar a sermos mais humanos. No nosso tempo e no tempo d’Ele.

 

Marcus Tullius
Mestrando em Comunicação Social pela PUC Minas, coordenador-geral da Pascom Brasil e membro do Grupo de Reflexão em Comunicação da CNBB

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