O Edifício Religioso e suas Curiosidades

Estar diante de um ícone abre a possibilidade de contemplar a Palavra que se mostra e revela pela imagem que se manifesta.

A palavra eikon, de origem grega, significa imagem, mas não a imagem que conhecemos hoje da comunicação, da moda, da arte. É de uma imagem que nos leva a uma experiência de contemplação, como nos fala Fr. Luiz Carlos Susin: “Mas aqui tratamos do ícone que nasceu com a sensibilidade cristã, desde o primeiro milênio, um pouco por toda a Igreja de língua grega, no Oriente cristão. Tratava-se de tecer a representação de Cristo, e de Maria e dos Santos em torno a Cristo, em quadros como lugar de contemplação dos mistérios revelados, acontecimentos humanos transfigurados pela presença luminosa da face mesma de Deus. Portanto, não basta afirmar que se trata de uma forma de arte e de beleza. É uma forma de revelação, de Bíblia visual, de teologia e de liturgia”.

O iconógrafo não é um pintor, pois não pinta ícones. Ele os escreve com bases nos cânones a serem obedecidos. A arte e a espiritualidade trabalham juntas, entrelaçadas, para que a concepção do ícone possa revelar a beleza de Deus e levar o fiel à sua contemplação. E isso é verdadeiramente arte sacra.

A beleza do ícone não está na representação naturalista, está no conjunto simbólico de cores com pigmentos naturais, na bidimensionalidade, na geometria de formas puras, na linguagem bíblica, na tradição, no dom a serviço que busca “captar o espírito do ícone”.

Segundo Fr. Luiz Carlos Susin, o ícone é um convite à experiência da contemplação: “No meio do mundo agitado das atividades cotidianas, no fragor das coisas efêmeras, sentar-se e descansar um instante sob este olhar de repouso é como beber da água pura da fonte, é enraizar-se nos mistérios bíblicos, revelados por uma luz cristalina e calma, e sair transfigurado para irradiar sentido e profundidade às ações cotidianas”.

Fabiana Longhi
Arquiteta
Especialista em Espaço Litúrgico e Arte Sacra
Longhi Arquitetura – Arquitetura do Sagrado