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22/09/2020

Todos podemos contribuir para além do Setembro Amarelo

Ouvir é o melhor remédio para a prevenção ao suicídio

Todos podemos contribuir para além do Setembro Amarelo - Notícias - Arquidiocese de Goiânia

Em 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. No Brasil não é diferente e, aqui, a data ganhou força, transformando-se em um mês inteiro dedicado à prevenção deste mal, que cresce ano após ano. Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS Brasil), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. O mais alarmante é que, para cada suicídio, conforme a OPAS, há muito mais pessoas que tentam se suicidar. A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral.

 

A Campanha Setembro Amarelo surgiu em 2015, pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), para orientar e promover ações de prevenção ao suicídio. Mas o problema passa por questões estruturais e complexas, que exigem muito da sociedade, conforme disse, em entrevista, a Dra. Maria Aparecida de Oliveira, que é psicóloga clínica, psicoterapeuta cognitiva comportamental, mediadora em comunicação não violenta e facilitadora de grupos. “Na comunicação não violenta dizemos que o suicídio é uma estratégia trágica que a pessoa usa porque ela não tem mais recursos para conseguir ver sentido na vida. Quando alguém comete suicídio é porque experimentou uma dor avassaladora e não consegue mais pensar e encontrar saída para amenizá-la. O suicídio, então, acaba sendo uma estratégia trágica para tentar atender a necessidade de descanso, de alívio”, explicou.

 

Diante disso, é importante destacar que o Setembro Amarelo é importante, mas a iniciativa deve perpassar todos os meses do ano, levando as pessoas a cuidar do próximo em todos os momentos da vida. Dra. Maria Aparecida ressaltou que é fundamental enxergar a humanidade que há no outro. “É preciso oferecer escuta empática, olhar para as pessoas em sofrimento, olhar uns para os outros para enxergar além do que as palavras dizem.” Em um mundo cada vez mais agitado, o essencial torna-se falto para que a prevenção ao suicídio aconteça. Por isso, o alerta vale para todos. Para quem experimenta uma dor avassaladora, conforme disse a psicóloga, a contribuição que podemos dar a quem passa por tal sofrimento deve ir além de conselhos ou de palavras que a levem a reagir. “As pessoas que estão em sofrimento pela depressão, ou por qualquer transtorno psíquico, querem ser ouvidas. Mas quem está disposto a ouvi-las?”, questionou.Dra. Maria Aparecida

 

Uma comunicação cheia de bloqueios pode trazer muitos males às pessoas que sofrem transtornos psíquicos. Formas de tentar ajudar com expressões como “isso é falta de Deus, você tem tanta coisa na vida, não fica assim” – conforme a entrevistada – não são positivas. A psicologia, nesse sentido, é um espaço em que a pessoa pode falar e pode ser escutada. “Quem está sofrendo precisa de escuta empática que aceita o outro, seus sentimentos e suas necessidades. Essa é a escuta que cura, que pode salvar vidas.” O Setembro Amarelo, continua Dra. Maria Aparecida, é um momento para aprender a escutar. “Quando damos bom dia e perguntamos ao outro como vai, normalmente não temos tempo para escutar. Se a pessoa começar a falar que ela não vai bem, nós não sabemos o que fazer com o seu sofrimento. Então, o Setembro Amarelo é um mês que nos alerta para a necessidade de olhar para o outro e entender o que está por trás do seu olhar, do seu comportamento, daquele sorriso que pode não ser o reflexo do que ele está sentindo. Às vezes, a pessoa se mostra feliz, mas no fundo ela está muito mal e não consegue mostrar. Por quê? Porque a gente não consegue olhar para os nossos próprios sentimentos, de acolher o que a gente está sentindo”, salientou.

 

A especialista em comunicação não violenta enfatizou que não entender os nossos próprios sentimentos é cultural e está alicerçado na nossa educação, baseada no paradigma do pensamento binário do certo ou errado. “Somos alienados em pensar que se a pessoa pensa como eu, ela está certa. Se pensa diferente, está errada. E quem está errada merece ser punida e quem está certa merece ser premiada, promovida, exaltada e valorizada. Esse é o paradigma que rege nossa educação. Então, quando a gente olha para o outro e em vez de ter um olhar compassivo, olhar empático, para compreender as verdadeiras razões das ações do outro, a gente julga, critica e isso é um desafio muito grande na nossa convivência social. Se formos observar, isso está impregnado em todas as nossas relações.”

 

 

Índices de suicídio

Outro alerta feito pela Dra. Aparecida é quanto aos índices de suicídio entre homens. Isso também é resultado da nossa cultura, que ensina às pessoas do sexo masculino que elas devem ser fortes. Quem nunca ouviu a frase que “homem não chora”? Nossa educação, conforme relatou a psicóloga, ensina que o homem é forte e que quem chora é fraco. O homem nasceu para ir para a guerra e na guerra não há sentimentos, nem os seus, nem os dos outros. “Infelizmente, em nossa sociedade, esquecemo-nos do valor do ser porque nós somos educados para ter, mesmo que seja ter mais pessoas nos rodeando para sermos bons, para sermos assertivos, para sermos algo que muitas vezes é diferente do que a gente é e isso traz um desvalor, um sofrimento. Se olharmos para a nossa realidade hoje, para a crise que vivemos, e agora com a pandemia, isso agravou avassaladoramente o sofrimento psíquico.” Diferentemente da educação que recebemos, os estudos em comunicação não violenta têm um ensinamento muito importante para todos. “Nossos sentimentos são vozes da nossa sabedoria interna. Eles são trilhas que tentam nos guiar para as nossas necessidades, para aquilo que a gente precisa para ser feliz, para que a nossa vida floresça. Então, nós temos necessidades que são necessidades de sobrevivência: alimentação, abrigo, proteção, segurança. Há outras necessidades humanas que precisam ser atendidas para que a nossa vida tenha sentido, que são a valorização, o reconhecimento, o pertencimento, o sentido de vida, de espiritualidade.”

 

Comunicação não violenta

Daremos passos significativos se começarmos a ouvir os nossos próprios sentimentos. Essa é a proposta da comunicação não violenta, olhar primeiro para nós mesmos e aprender a ter empatia com o outro. Dra. Aparecida afirmou que algumas perguntas são fundamentais nesse processo: “o que estou sentindo está dizendo o quê sobre minhas necessidades? O que eu preciso para a minha vida se tornar melhor? Diante disso ainda há as mazelas da sociedade e vemos que uma parcela muito grande está privada de necessidades básicas de sobrevivência”.

 

O Setembro Amarelo, quando entendemos a nós mesmos e ao próximo, pode se estender e se transformar em outubro, novembro, dezembro e todos os meses do ano em que escutamos o outro verdadeiramente. Dra. Aparecida completou dizendo que é um trabalho de “formiguinha”, mas que pode ser muito eficaz, se conseguirmos ouvir o nosso próximo, mais do que dar conselhos. “Precisamos oferecer a nossa presença. Quem está com depressão ou problemas psíquicos não precisa de alguém que diga ‘levanta dessa cama, deixa de ser preguiçoso, você está é com frescura’. Devemos, sim, dizer: ‘estou vendo você deitado hoje, parece que você está triste. Se você precisar, pode contar comigo. O que está acontecendo com você? Eu estou me sentindo preocupado, estou me sentindo triste. A sua vida é muito importante para mim, você pode me dizer o que está acontecendo, eu estou aqui e posso escutá-lo. Só escutá-lo’. A gente precisa aprender a só estar presente e escutar. Escutar com o olhar nos sentimentos e nas necessidades que estão por trás daquilo que a pessoa mostra; por trás, muitas vezes, do silêncio; por trás de palavras agressivas; por trás de palavras que, para nós, chegam como críticas. Sempre tem um ser humano ali, que sente e tem necessidades, tem valores e que precisam ser vistos e considerados”, concluiu.

 

Escuta do Bem

Surgiu, na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, da Vila Itatiaia, no início da pandemia do coronavírus, o Projeto Escuta do Bem, cujo objetivo é escutar e acolher, de forma empática e solidária, idosos que estão passando por um “mix” de sentimentos e precisam conversar com alguém. Segundo a Dra. Thais Cristine, psicóloga, criadora e coordenadora do projeto, a iniciativa acontece por meio de ligações on-line e gratuitas, através da parceria com voluntários que, com carinho, apoiam a causa. Eles passam por uma orientação ministrada pela psicóloga, que ajuda na escuta e na conversa. Os profissionais de diversas áreas, que passam a ser voluntários, também participam de encontros on-line. “O projeto está ajudando idosos que se encontram com problemas de depressão, ansiedade, tristeza, irritabilidade, que foram gerados e ampliados devido à pandemia. Neste período do Setembro Amarelo, a divulgação também é importante porque dá voz aos idosos que já tenham alguma comorbidade e que precisam de uma tranquilidade e bem-estar neste momento tão difícil”, disse a coordenadora.

Contatos: (62) 99404-7129 - 3208-9697
Instagram: @projetoescutadobem

Você Merece Viver
Coordenado pelo jovem Fernando Bacelar, fundador do Projeto Amor Maior, o Você Merece Viver surgiu com a grande quantidade de mensagens que ele recebe de jovens após as suas palestras sobre o tema amor. “São pequenos parágrafos que trazem a ideia de viver com plenitude”, explicou. Desde o dia 7 de setembro, estão sendo publicados vídeos com jovens declamando os textos. No próximo dia 31 acontecerá o lançamento do livro. Bacelar comentou que, além do livro, será lançada também uma música feita para o projeto, que inspira os jovens a saírem do “aquário”, que ele define como um lugar limitado. “Existe um desenho referente ao projeto que é um peixe que salta do aquário e, no meio do salto, ele se transforma num tubarão. A arte traduz a ideia da grandeza do jovem. Na imagem, quando o tubarão salta, a onda vem buscá-lo para levá-lo de volta ao mar”. Será escolhido um muro, em Goiânia, para a pintura que deverá ser a marca que expressa o Projeto “Você Merece Viver”.

Canal no Youtube: Fernando Bacelar

 

Papel da Igreja

“O papel da Igreja é indispensável na identificação de pessoas com problemas psíquicos”. Quem afirma é o padre Sebastião Romário, vigário da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora – Catedral de Goiânia e presidente da Associação de Promoção Humana (Assoproh), que existe desde 1983 e trabalha com a internação de dependentes químicos e alcoólicos por nove meses. Seu tripé de trabalho é espiritualidade, laborterapia e terapia de apoio. A associação atua por meio da Fazendinha do Senhor Jesus. A casa masculina fica em Damolândia (GO), com capacidade para 50 internos. A casa feminina fica em Goiânia, com capacidade para internar 20 mulheres. A triagem é feita na Paróquia Santo Antônio, do Setor Pedro Ludovico, e as famílias também recebem tratamento.

 

Diversos são os problemas que destroem famílias porque ainda é comum a propagação de que depressão, por exemplo, não é doença. “São doenças que levam a outras doenças, como a dependência química e o alcoolismo que são incuráveis, progressivas e fatais, conforme a OMS”, disse. Ele ressaltou que o padre, por meio da confissão, faz a experiência bonita de ajudar essas pessoas que sofrem. “Os problemas externos são identificados também na confissão, uma bonita experiência que nós sacerdotes fazemos. O padre, por meio desse sacramento, ajuda a pessoa que sofre de depressão e / ou de uma tristeza profunda. Quando essa pessoa passa por um tratamento que vai curando aquilo que é externo, através da confissão, ela cura seu sofrimento interno também. Por isso, é importante que, ao tratar o problema psíquico com o medicamento, seja tratado também o sentimento de culpa com a confissão, um ajudando o outro e isso faz com que a pessoa compreenda melhor o sentido da vida.”

 

Contatos da Fazendinha do Senhor Jesus: (62) 9909-1354 - 98443-3655 - 98492-5977

 

Fúlvio Costa

 

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