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05/04/2024

Leitura Orante

Domingo da Misericórdia / 2º Domingo da Páscoa

Leitura Orante - Notícias - Arquidiocese de Goiânia

A PRESENÇA DO RESSUSCITADO VENCEDORA DO MEDO

 

 

 

Irmãos e irmãs, celebramos o segundo Domingo da Páscoa, o Domingo que, desde o ano de 2000, por instituição do Papa São João Paulo II, é celebrado como o Domingo da Misericórdia. Dessa forma, somos inseridos na dinâmica da misericórdia divina para vivê-la em Espírito e em verdade no hoje da nossa vida. Por isso, ao longo de nossa reflexão, à medida que nos depararmos com os sentimentos dos discípulos, convidamos você a cultivar o mesmo sentimento deles em seu coração.

 

Deste modo, ao tomarmos a liturgia que celebraremos, é-nos apresentada a Antífona de Entrada proclamada no início desta celebração: “Acolhei a alegria da vossa glória dando graças a Deus, que vos chamou ao seu Reino celestial, Aleluia!”. A Igreja prepara o nosso coração para tomarmos o Evangelho e bebermos de uma alegria pascal. Esperava-se que, imediatamente, ao nos deparar com Ele, encontraríamos, naquele lugar em que a construção literária de São João nos leva a compreender que é o mesmo cenáculo de Pentecostes, um espírito de exultação, ou uma alegria inigualável por parte dos discípulos, ou ao menos uma grande esperança, afinal, o Cristo Ressuscitou, venceu a morte e, após três dias, cumpriu a sua promessa de reconstruir o Templo (cf. 2,20). Mas não foi bem assim.

 

Encontramos, na tarde do Domingo da Ressurreição, conforme narrado no Evangelho, os discípulos, com medo dos judeus, trancados. O Senhor lhes aparece, de maneira misteriosa, já que as portas estavam fechadas, e, pondo-se no meio deles, lhes deseja a paz: “a paz esteja convosco” (cf. Jo 20,19). O Senhor mostra-lhes o lado como que para atestar que era realmente Ele quem havia ressuscitado. Os discípulos então encheram o seu coração de alegria. O Senhor lhes deseja a paz e, sobre eles, sopra o Espírito Santo, envia-lhes o Espírito e lhes confia a missão do perdão dos pecados.

 

 Agora sim, o cenáculo está tomado de alegria! A narração continua, e assim nos é apresentada a figura de Tomé, que não estava no cenáculo na primeira aparição do Mestre. Os discípulos, cultivando a alegria do ressuscitado, contam-lhe a experiência com o Senhor. Ele, tomado de incredulidade, afirma que, para acreditar, teria que tocar nas chagas do Senhor. E foi isso que aconteceu, oito dias depois, quando, da mesma forma que estavam, de portas fechadas, e agora com Tomé, o Senhor lhes apareceu novamente desejando-lhes a paz! Ele convida o discípulo incrédulo para tocar suas chagas. Ele as toca e professa: “Meu Senhor e meu Deus” (cf. Jo 20,28).

 

O restante da narrativa nós conhecemos. A figura da incredulidade de Tomé é importante e, muitas vezes, em nossas meditações, ao cultivarmos uma visão negativa de nós mesmos, iríamos nos enxergar como o Tomé incrédulo. Mas dois pontos surgem para esta reflexão: o medo desesperançoso e a manifestação misericordiosa de Deus que vence o medo e a desesperança.

 

Vejamos o primeiro ponto, que é o medo dos discípulos, que estavam sem o seu Senhor. Até ali, no Evangelho de João, só Maria Madalena havia se encontrado com Ele. Ela testemunhou: “Eu vi o Senhor!” (cf. Jo 20,18), mas para eles não foi o suficiente. O medo reinava ali. Quantos motivos para ter esse medo eles tinham? Vejamos: deixaram tudo pelo Senhor (que até então para eles estava morto), família, trabalho, sustento... E ainda corriam o perigo de serem encontrados e atacados pelos judeus, motivos que afastavam qualquer centelha de fé e esperança.

 

O segundo ponto é a ação misericordiosa de Jesus. Para tratar dele, tragamos à consciência o tempo celebrado no hoje da Igreja, o tempo pascal. Sabemos que Páscoa é passagem. Como paralelo para nossa meditação, podemos recorrer à célebre imagem que temos de uma passagem que nos foi trazida na Vigília Pascal. A libertação do povo hebreu do jugo do Egito (cf. Ex 13-14). Aquele povo foi liberto, e mesmo assim foi perseguido e sofreu também da desesperança. Sobre eles, o medo foi travado. Diziam que tinham sido levados para o deserto para morrer, ou até mesmo após a libertação, sofriam quando pensavam estar sem alimento... Mas o Senhor dirigiu o seu coração e teve misericórdia deles, enviou uma coluna de fogo e uma coluna de nuvem para guiá-los, enviou Moisés como um líder com quem Ele mesmo falava, abriu o mar vermelho e, no deserto, fazia cair o maná do céu e tirava água de pedra. Vemos que o Senhor teve misericórdia do seu povo, aproximando-se dele. O Senhor não tirou o seu povo do Egito para deixá-lo passar fome!

Dos discípulos do Evangelho, o Senhor se aproxima, tem misericórdia deles, envia-lhes a paz e manifesta a eles as suas chagas gloriosas para que, onde houvesse incredulidade, reinasse a paz. Para que, onde houvesse a desesperança, houvesse o reconhecimento de que Ele é o próprio Deus e para ali reinar a alegria.

 

E a nós? Com estes dois pontos, o Senhor mostra que, se Ele não tirou o seu povo do Egito para passar fome, Ele também não nos tirou da condição de pecado e da morte para deixar-nos passar a fome do seu amor e da sua presença. Ele está no meio de nós. Como ele desejou para seus discípulos no Evangelho, Ele nos deseja a paz e envia sobre nós o seu Espírito. Como fez naquele cenáculo, ele se aproxima de nós, se faz presença para nos arrancar do medo e do terror, a fim de vivermos uma vida que lhe renda graças, pois seu amor é sem fim.

 

rmãos, assim como ele se fez presença ressuscitada no centro daquele cenáculo, ele se faz presença ressuscitada no meio de nós no Círio Pascal de nossas igrejas. Isso tudo para que seja vencido em nós o medo de deixar tudo por Ele, de dizer que somos d’Ele e de doar a Ele inteiramente o nosso ser. Reflitamos neste tempo de oração que, assim como ele manifestou as suas chagas gloriosas para o que não tinha fé, para confiarmos n’Ele, Ele manifesta suas chagas gloriosas a nós, as mesmas chagas que pronunciamos na bênção do Círio: “por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, o Cristo Senhor nos proteja e nos guarde, Amém!”.

 

 Leituras: At 4,32-35, Sl 117 (118),2-4.16ab-18.22-24, 1Jo 5,1-6, Jo 20,19-31.

 

Mateus Henrique da Silva
Seminarista da Etapa Configurativa, da Diocese de Itumbiara-GO.
Seminário Maior Interdiocesano São João Maria Vianney, Goiânia-GO.

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