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16/12/2022

O boi, o burro e o Menino Jesus

O boi, o burro e o Menino Jesus - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

Todo presépio inclui as figuras de animais, sendo os mais comuns o boi, o burro, as ovelhas e, também, o galo. O evangelista São Lucas cita apenas que o recém-nascido foi envolto em faixas por sua mãe e deitado numa manjedoura. O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Admirável Sinal, sobre o significado e o valor do presépio, resgata a origem dessa representação do nascimento de Jesus, que remonta a São Francisco de Assis: “As Fontes Franciscanas narram, de forma detalhada, o que aconteceu em Gréccio. Quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: ‘Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha de uma manjedoura, entre o boi e o burro’. Mal acabara de o ouvir, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado, tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo. No dia 25 de dezembro […] Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro”.

 

Desde então, dos mais simples aos mais sofisticados presépios não pode faltar a presença dos animais, mormente o boi e o burro. O mistério da encarnação está em profunda sintonia com o mistério da criação. Naquela noite santa em Belém havia muitos outros elementos da natureza incluídos na cena do nascimento do menino Deus: a estrela, o frio e o fogo são exemplos. Aquela noite nos chama a contemplar o essencial. A criança está envolta em faixas e deitada na manjedoura. Ao seu redor estão Maria e José e os animais. Depois chegaram os pastores. Até a chegada dos magos, alguém mais deve ter comparecido ali junto àquele casal e à criança.

 

Ora, a presença dos animais junto ao presépio nos faz pensar no modo como os temos tratado. Nos tempos atuais ocorre um fenômeno que muito nos deveria incomodar. Há um crescente processo que poderia ser chamado de “humanização dos animais”. Tratam-se animais como se fossem pessoas. E, infelizmente, pessoas são tratadas como se fossem animais. Os animais devem ser defendidos, devidamente cuidados. E nesse sentido há muito que se fazer para defendê-los. Eles são, também, criaturas de Deus e participam da integridade da criação. Até o Catecismo da Igreja fala sobre isso. No entanto, é urgente recuperar o bom senso e apostar antes de tudo nas pessoas. Quem desacredita nas pessoas, no fundo desacredita em si mesmo.

 

Uma conversão ecológica, como propõe o Papa Francisco, exige a capacidade crítica para defender a criação contra a destruição provocada pelos seres humanos sem cair numa “pessoalização” das outras criaturas. A interação que se pode estabelecer com alguns animais jamais poderá ser do mesmo nível que a interação entre pessoas. Mesmo considerando a utilidade de alguns animais para o trabalho e para terapias, inclusive a presença deles como companhia, é preciso ter coragem para reequilibrar as relações e priorizar as pessoas e a vida humana. A compreensão da dignidade da pessoa humana à luz do mistério da encarnação há de corrigir exageros e balizar devidamente a necessária defesa de todas as criaturas.

 

Trecho do livro “Diakonia da Palavra”, de Dom João Justino de Medeiros Silva. (4.1.2020).

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