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08/02/2021

Pelas mulheres vítimas da violência

Pelas mulheres vítimas da violência - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

Irmãos e Irmãs,

 

A cena bíblica que narro a seguir é dramática. Foi descrita num texto breve por São João e deixa entrever quase que cinematograficamente o seu desenrolar. Muito cedo, ainda de madrugada, antes do nascer do sol, um grupo possivelmente truculento, composto por escribas e fariseus, trazem, imagine-se que certamente com carga terrível de agressividade, uma mulher e põe-na diante de Jesus. O evangelista deixa em destaque logo de início que a ocorrência se dá “antes do nascer do Sol”. Conhecemos bem o antagonismo luz-escuridão tão típico da teologia joanina. Cristo é o Sol. Luz que ilumina todo homem, luz que vence as trevas e as trevas não a compreendem. Assim, despossuídos desta luz, aqueles homens, com tamanha agressividade, enxergam tão somente a imputação legal e penal daquela mulher, no estrito e cego cumprimento do dever de apedrejar aquela que fora “surpreendida” em adultério. Consegue-se imaginar a dureza desta pena de morte. Homens lançando pesadas pedras sobre uma mulher. Uma violência alicerçada numa visão apequenada de uma legislação antiga. Eles, escribas e fariseus, ainda não entenderam o Sol, a nova, perpétua e verdadeira Luz lançada sobre as Escrituras Sagradas pela presença de Cristo na história, ali, diante deles, ao alcance de suas interrogações. Não entenderam a continuidade-ruptura por ele instalada: “os antigos diziam [...] eu, porém, vos digo...”. Não compreenderam, fixados que estavam na escuridão, que Cristo iluminou, desde o amanhecer da ressurreição, toda a história, todas as práticas sociais e coletivas, realinhou o coração do homem para um novo Mandamento: “Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei”.

 

Esta cena da violência contra a mulher talvez tenha sido um dos dramas mais severos que esteve no coração do papa Francisco quando definiu, para este mês de fevereiro, como intenção para a oração universal, para a oração em todas as dioceses no mundo inteiro, intenção esta que deve ser balbuciada por todos, em todas as expressões pastorais e espirituais da Igreja: que rezemos por todas as mulheres que, como aquela mulher prestes a ser apedrejada com novos e requintados instrumentos, são hoje vítimas de violência. A Igreja toda deve, em todos os dias do mês de fevereiro, clamar a Deus para que a sociedade encontre meios concretos de proteger as mulheres vítimas diárias de toda forma de violência praticada não apenas pelos homens, maridos ou companheiros, mas também por parentes próximos, como pais, padrastos, irmãos ou até irmãs. Rezar por tantas mulheres que trazem em seus corpos as chagas do Crucificado. Por tantas mulheres que perderam a noção de seu valor, a consciência de sua dignidade, e permanecem, por razões várias, escravas da violência diária.

 

Possa nossa oração chegar ao coração de Deus, para que, em seu poder infinito, Ele transforme os corações, renove as mentes, altere os percursos e as experiências de violência de todos os que promovem os atuais apedrejamentos doutras formas contra as mulheres dos dias de hoje.

 

Que os homens aprendam por meio da postura amorosa, serena, profunda de São José, Esposo digno e casto de Nossa Senhora, a quem o Céu concedeu a honra de zelar por Jesus, o Verbo Encarnado. E que, de sua presença e atitude respeitosas, todos os homens aprendam a respeitar as mulheres, suas esposas e companheiras, suas filhas e enteadas, enfim, todas as mulheres. De homens de coração renovados, de mentes ajustadas, de comportamentos retos e equilibrados poderá vir uma geração verdadeiramente nova, que respeita as mulheres em sua dignidade e na estatura com que a Sagrada Escritura trata as mulheres que, ao lado de homens renovados, afirmam a mais bela e augusta expressão da Criação.

 

Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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