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26/05/2017
Comunicação da Esperança
Como bispo, por vezes reflito acerca do imenso desafio que os comunicadores e a comunicação social possui nestes tempos difíceis. Antigamente, a profecia parecia residir na comunicação do que não poderia ser comunicado, sobretudo em tempos de terrível cerceamento à liberdade de imprensa e da autonomia de opinião política que os instrumentos de comunicação sofriam. Nos anos do regime militar e até pouco tempo atrás, a atitude profética dos meios de imprensa estava em revelar e tornar públicas as notícias que não se divulgavam facilmente por inúmeras razões.
Hoje, vive-se numa evidente democratização do acesso à informação e da liberdade de imprensa. A profecia, agora, parece não residir mais na transparência cristalina dos fatos. O que parece ser um grande desafio para o tempo presente é a comunicação da esperança. Nestas últimas semanas, a nação brasileira viveu ainda mais essa realidade, com um imenso acervo de notícias advindas das revelações obtidas por meio dos sérios instrumentos de investigação policial que o aparato de Estado possui. As emissoras de TV, rádio e os instrumentos midiáticos, de um modo geral, trouxeram para o povo brasileiro a realidade triste das negociações inescrupulosas que marcaram e continuam marcando o mundo político e econômico nacional.
Assim, em meio a tantas negatividades, a tanto realismo que faz tornar real o que antes se via apenas em filmes, uma postura profética nova parece ser urgente: Qual esperança temos a oferecer? Como ressuscitar no coração das pessoas a credibilidade e a confiabilidade? Quais as responsabilidades que os meios de imprensa possuem no sentido de não fazer com que o povo brasileiro mergulhe no pessimismo árido sem entrar numa ingenuidade infértil?
Ante essa realidade, soam e ressoam as palavras do papa Francisco: “Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que, diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, ‘moem’ tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação. A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade. Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas notícias más (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas)” (51ª Mensagem ao Dia Mundial das Comunicações Sociais).
Nesta semana, dia 24 de maio, este Encontro Semanal completou 3 anos de circulação. Folheando suas edições, o leitor pode comprovar o quanto este veículo de comunicação tem servido à comunicação da esperança e das alternativas pastorais e sociais para os grandes problemas e desafios dentro dos quais a Igreja é vocacionada a testemunhar a Fé, a Esperança e a Caridade. Ao ensejo desta edição, agradeço a todos os profissionais e colaboradores que auxiliam na elaboração jornalística e editorial deste jornal que tanto tem ajudado a Arquidiocese de Goiânia a continuar sendo o povo da esperança, porção do povo de Deus que, também por meio da Comunicação, faz uma experiência de comunhão eclesial e de laços de fraternidade.
Celebrando a Padroeira de nossa Arquidiocese, Nossa Senhora Auxiliadora, primeira comunicadora das alegrias do Reino, porque primeira cristã, coloco sob seu manto protetor todos aqueles que, como ela, se dedicam a anunciar as maravilhas que o Senhor faz em favor do Seu povo santo.
Dom Washington Cruz, Cp
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
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