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13/02/2023

Mensagem Pastoral ao Povo de Deus

Mensagem Pastoral ao Povo de Deus - Notícias - Arquidiocese de Goiânia

 

Mensagem Pastoral ao Povo de Deus da Arquidiocese de Goiânia
por ocasião da abertura do Ano Pastoral 2023

“Vamos a outros lugares a fim de pregar também ali” (cf. Mc 1,38).

 

 

Amados irmãos e amadas irmãs,

Com o coração repleto de esperanças para o caminho evangelizador de nossa Arquidiocese de Goiânia, eu os saúdo na certeza da fé que nos une e nos faz todos irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo. Quantos irmãos e irmãs eu pude encontrar ao longo desse primeiro ano de pastoreio em Goiânia, nas comunidades e paróquias, nas reuniões e nos eventos, nas visitas e nas audiências. No rosto de cada pessoa encontrei histórias e perguntas, contemplei expressões de lutas e de sonhos de um mundo mais justo e de uma Igreja mais participativa, atenta e cuidadosa. Agradeço a Deus o envio para aqui servir e renovo minha disposição para ser o pastor de todo o povo de Deus da Arquidiocese.

 

1. Uma mensagem para partilhar e motivar

Quis escrever-lhes esta mensagem na abertura do Ano Pastoral 2023 com o intuito de partilhar alguns passos significativos na condução da Arquidiocese. Desde que aqui cheguei em 16 de fevereiro do ano passado, dediquei-me a muitos encontros, visitas, reuniões. Predominou a escuta das pessoas e das realidades qual panorama eclesial vivo. Comecei a compreender a história desta Igreja na magnanimidade de seus pastores – Dom Fernando, Dom Antonio e Dom Washington; de seus grandes colaboradores – Dom Waldemar, Dom Moacir e Dom Levi; do zelo apostólico dos padres diocesanos e religiosos; da presença servidora dos diáconos permanentes; do generoso compromisso das religiosas e dos religiosos; do entusiasmo eclesial do incontável número de leigos e leigas. Escutar as pessoas mais idosas tem me dado a oportunidade de tocar a memória de uma Igreja viva e dinâmica. Encontrar-me com os mais jovens traz em meu coração a inquietude apostólica de buscar novos métodos para evangelizar.

 

Neste tempo inicial de minha missão não faltou a percepção de alguns contrastes, sejam eclesiais, sejam sociais. Algumas paróquias contam com muitos agentes evangelizadores e outras necessitam e procuram mais agentes. Encontrei conselhos paroquiais ativos e organizados e a ausência deles em muitas das nossas paróquias. Há comunidades paroquiais com estruturas físicas de excelente qualidade e há outras que lutam para edificar igrejas, salões e casas paroquiais. Permanece o grande desafio de cuidar da educação da fé, especialmente pela catequese de iniciação à vida cristã. Urge a coragem missionária de propor a formação de comunidades nos inúmeros novos bairros, loteamentos e condomínios.

 

Do ponto de vista social, em nossa Arquidiocese, há espaços territoriais supermodernos e equipados e outros onde o déficit habitacional é visível e a infraestrutura está aquém das expectativas de quem busca viver com dignidade. Há muitas realidades de pobrezas e desigualdades que precisam sair da invisibilidade e encontrar escuta, sensibilidade e encaminhamentos nas instâncias do poder público. Há muitos espaços para a atuação das pastorais sociais, qual companhia que somos chamados a fazer aos mais pobres nas suas lutas por moradia, saúde, educação, trabalho, lazer e segurança.

 

2. A luz do Evangelho

Diante desse quadro, sem dúvida bem mais complexo do que podemos aqui descrever, emerge a pergunta: Que devemos fazer? Que missão nos cabe? Inspira-nos o Evangelho de Jesus Cristo. Tomemos o texto de Marcos 1,29-39. Ali, vemos Jesus em Cafarnaum sair da sinagoga no dia de sábado e se dirigir à casa de Simão (Pedro) e André, acompanhado de Tiago e João. Imediatamente contam a Jesus que a sogra de Simão estava acamada em razão da febre. Jesus aproxima-se daquela mulher, a toma pela mão e a faz levantar-se. A febre deixa a mulher e ela se põe a servi-los. Nesta primeira cena pode-se destacar o jeito de Jesus agir. Ele frequenta a sinagoga onde muitos se encontram para escutar a Palavra de Deus. Frequenta, também, a casa de seus discípulos. E não demora em aproximar-se da mulher febril para curá-la com um gesto muito expressivo: tomou-a pela mão e a fez levantar-se. Quantos irmãos e irmãs nas residências, nas clínicas, nos hospitais aguardam os discípulos e as discípulas de Jesus se aproximarem com expressões de solidariedade espiritual e material? Em nossas comunidades estamos atentos aos que estão, por razões tão diversas, acamados? Nós os visitamos? Quem são eles?

 

Em Cafarnaum, naquele sábado, Jesus vê o sol se pôr. É novo dia e, então, trazem a ele outros que estavam doentes e endemoninhados. O evangelista diz que a cidade inteira se aglomerou à porta da casa de Simão e que Jesus curou muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios. Mas quando chegou a madrugada, Jesus se levantou e retirou-se para um lugar deserto e nesse lugar ele orava. Em seguida, Simão e os seus companheiros, certamente os outros discípulos – André, Tiago e João – saíram ansiosos à procura de Jesus. Quando o encontraram, logo disseram a ele: “Todos te procuram”. É provável que os discípulos tivessem a expectativa de que Jesus retornasse com eles à Cafarnaum e continuasse ali a operar curas e exorcismos. No entanto, a palavra de Jesus é surpreendente. Ele responde: “Vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu saí”. O texto se conclui com a indicação: “E foi por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”.

 

Disse que a resposta de Jesus foi surpreendente. Por que Jesus não voltou logo à Cafarnaum? Ele, certamente, encontraria muitas pessoas cheias de expectativas de receber sua atenção, cura, libertação. Com sua resposta e atitude, Jesus parece rejeitar fazer da casa de Simão um lugar fixo de atendimento das inúmeras demandas que viriam a surgir, especialmente com o espalhar de sua fama. Jesus prefere continuar seu caminho pela Galileia indo a outros lugares que também precisam de sua presença e de sua ação. Podemos dizer, ao estilo do Papa Francisco, que Jesus é o Filho de Deus “em saída”. De fato, Jesus respondeu: “pois foi para isso que eu saí” (Mc 1,38). Jesus sai e vai às pessoas para encontrá-las onde estão. Percorre aldeias, vai até às casas. Ele nem mesmo manda que seus discípulos saiam para anunciar que ele aguarda em Cafarnaum para atender o povo sofrido, enfermo, pobre.

 

3. A Palavra de Deus em primeiro lugar

Meus irmãos e minhas irmãs, o modo de Jesus agir é uma fonte de inspiração para todos nós. Se queremos ser uma Igreja missionária, é preciso abraçar o exemplo de Jesus. Mesmo sabendo que precisamos de estruturas e espaços para acolher as comunidades, a prioridade de sempre é a missão. Por isso, faço meu primeiro grande apelo à toda a comunidade arquidiocesana: “Vamos a outros lugares a fim de pregar também ali” (cf. Mc 1,38). Deixemo-nos interpelar por essa preciosa indicação de Jesus. Cada agente evangelizador – seja ministro ordenado, seja consagrado(a), seja leigo(a) – pergunte a si mesmo: a que outros lugares o Senhor me envia? Cada comunidade, pastoral, movimento, associação eclesial se pergunte: a quem o Senhor nos envia? Onde devemos ir para ali pregar o seu nome?

 

Quero dizer-lhes algo de extrema importância. A Igreja do Brasil aposta na animação bíblica da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias. A Palavra de Deus em primeiro lugar seja a principal diretriz de toda a ação evangelizadora em qualquer instância pastoral de nossa Arquidiocese. É fundamental que todos tenhamos “o ânimo, a seiva interior originada do encontro com o Senhor mediante a Palavra. E quem o encontra se alegra, passa a compreender e interpretar a realidade com os critérios de sua palavra. É o caminho da conversão pastoral” (CNBB. Doc. 111, n. 32).

 

À luz da Palavra de Deus nasce para a Igreja a inspiração do modo missionário de Jesus ser e agir qual impulso em dois movimentos muito importantes: um movimento sinodal e um movimento de descentralização. Precisamos saber “ir juntos”, “caminhar juntos”. Pouco ou nada resolve a opção de agir por si próprio, como quem rejeita a pertença comunitária e eclesial. Ao mesmo tempo é preciso, ao se considerar o contexto de uma região metropolitana como o de nossa Arquidiocese, saber descentralizar encontros, atividades, eventos e processos para alcançar um número maior de pessoas.  

 

4. Reorganizar para melhor servir: os novos vicariatos

Assim, meu apelo é para sermos uma Igreja missionária, “Igreja em saída”. E neste espírito, propus a reorganização dos vicariatos territoriais e ambientais. A Igreja diz que o bispo pode organizar a diocese em vicariatos, isto é, ordenar o espaço territorial de modo a confiar a coordenação da animação da vida eclesial a um padre com o encargo de vigário episcopal (cf. Cân. 476). Pode o bispo fazer o mesmo com setores ou âmbitos da vida da Igreja.

 

Segundo essa possibilidade, ouvido os pareceres de diversos conselhos e instâncias, instituímos o Vicariato Episcopal para a Evangelização cuja tarefa principal será a de coordenar todas as ações evangelizadoras da Arquidiocese. Esse Vicariato para Evangelização é constituído por cinco setores pastorais – Missão, Iniciação à Vida Cristã, Liturgia, Família e Juventude; por três grupos de serviço – Animação Vocacional, Promoção da Sinodalidade, Implantação do Dízimo – e por uma Escola de Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas. Vinculada a esse Vicariato está a Comissão Arquidiocesana para a Animação Bíblica da Pastoral.

 

Instituímos, também, o Vicariato Episcopal para a Solidariedade cuja tarefa principal será a de coordenar todas as iniciativas arquidiocesanas de serviço da caridade e da solidariedade. Esse Vicariato se articulará em três setores – das Pastorais Sociais, da Fé e Política, das Obras Sociais. Vincula-se ao Vicariato Episcopal para a Solidariedade a Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz. O Vicariato para a Solidariedade também se incumbirá de promover ações na perspectiva da Ecologia Integral (Laudato Si’) e da Economia de Francisco.

 

Reafirmamos a importância do Vicariato Episcopal para a Cultura e Educação que se ocupa da animação e coordenação das ações evangelizadoras nos âmbitos da cultura e da educação. Esse Vicariato se organizará em duas comissões: cultura e educação. No campo da cultura trabalhará pela organização da Pastoral dos Artistas e acolherá a Comissão Arquidiocesana de Arte Sacra e Bens Culturais. No campo da pastoral da educação promoverá: (a) atuação junto às escolas católicas presentes na Arquidiocese, sejam elas filiadas ou não à Associação Nacional da Educação Católica (Anec); (b) a presença junto aos professores e professoras das escolas públicas (municipais e estaduais) da educação básica; (c) o acompanhamento do ensino religioso público; (d) atuação junto aos universitários em comunhão com a pastoral universitária da PUC Goiás e demais universidades existentes na Arquidiocese.

 

Os Vicariatos Episcopais territoriais passaram a ser em número de cinco, cada um deles com um presbítero já nomeado para a missão de Vigário Episcopal, cuja missão é auxiliar diretamente o arcebispo no pastoreio das paróquias e atividades eclesiais daquele Vicariato. Cada Vicariato está sob a proteção de Nossa Senhora com os títulos: Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora da Abadia e Nossa Senhora da Piedade. Os Vicariatos territoriais estão organizados em foranias, grupos de paróquias vizinhas sob a coordenação de um presbítero vigário forâneo. O elenco dos vicariatos territoriais e das foranias está disponível no site da Arquidiocese.  

 

Como apoio a todos os Vicariatos ambientais e territoriais vamos contar com o serviço qualificado de duas secretarias: a Secretaria Geral da Arquidiocese e a Secretaria para a Comunicação (Secom), esta em substituição ao Vicariato para a Comunicação (Vicom). A sintonia, a articulação dos Vicariatos e das Secretarias se dá especialmente pelo encontro mensal de trabalho com o arcebispo, o bispo auxiliar, os vigários episcopais, a secretária de pastoral e a assessora de comunicação. Este grupo recebeu o nome de Secretariado Geral dos Vicariatos.

 

5. Revitalizar a Reunião Mensal de Pastoral

Encontrei na Arquidiocese uma bonita e fecunda tradição da Reunião Mensal de Pastoral. Remonta a Dom Fernando Gomes quando reunia, na noite de uma quinta-feira do mês, os padres, as religiosas e os religiosos e os agentes leigos da pastoral. Há anos a reunião acontece na manhã do segundo sábado de cada mês no Centro de Pastoral Dom Fernando (CPDF). Nas reuniões mensais de 2022, nas quais pude participar, o número de participantes permaneceu em torno de 350 pessoas. Considerando a extensão da Arquidiocese e as dificuldades de transporte, viveremos em 2023, ad experimentum, uma importante mudança na dinâmica da reunião mensal. Vamos manter a reserva da manhã do segundo sábado de cada mês. Insisto, especialmente com os párocos e administradores paroquiais que animem os agentes evangelizadores para a participação na reunião mensal. No entanto, as reuniões mensais terão abrangência diferenciada: em fevereiro e novembro serão arquidiocesanas; em março, junho, setembro serão em cada Vicariato; em maio, agosto e outubro serão nas foranias. Todas essas reuniões mensais serão sempre no segundo sábado de cada mês. Permanece a intuição de Dom Fernando Gomes: quem trabalha junto na missão evangelizadora há de levar a sério a importância de ter tempo regular (mensal) para conversar juntos sobre a própria missão. É um belo exemplo de sinodalidade já presente na história da Arquidiocese de Goiânia.

 

6. O Conselho Arquidiocesano de Pastoral como expressão de sinodalidade

À medida que todos os Vicariatos se organizarem, vamos constituir o novo Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP). Este Conselho será o principal responsável por refletir, discernir e propor a aplicação das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil na Arquidiocese de Goiânia. Os diferentes conselhos pastorais e administrativos na vida da Igreja são uma das mais bonitas expressões de sinodalidade.

 

Essas pequenas mudanças e inovações acontecem no contexto do ano vocacional que estamos celebrando. Mais um motivo para selar o compromisso de todos os agentes da evangelização em favor da edificação de uma Igreja toda ministerial. Todos os servidores – ordenados, consagrados, leigos(as) – vivem na dinâmica da graça e missão quais desdobramentos da vocação. Cuidemos, especialmente, de propor aos jovens as diferentes possibilidades de servir a Cristo e a sua Igreja. 

 

Confio ao Divino Pai Eterno estes passos em favor de uma missão mais articulada entre todas as forças vivas da Arquidiocese e rogo que nos envie o Espírito Santo para sermos uma Igreja conforme o coração do Filho Amado. Nossa Senhora Auxiliadora nos acompanhe em todas as iniciativas de anúncio do Evangelho de seu filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

 

+ João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano
11º aniversário de ordenação episcopal
11.2.2023

 

 

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