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11/08/2021
O Edifício Religioso e suas curiosidades
Vitral: Mais do que um vidro colorido

“Quando os raios do Sol atravessarem o vidro colorido com toda a sua genialidade, a quem atribui o senhor a matiz das cores na parede?
Sem hesitar, atribuiria as belas cores na parede aos raios do Sol não ao vidro” (Trecho do tratado Speculum Virginum)
O vitral tem origem imprecisa, apesar dos registros de sua existência na antiguidade, com técnica muito rudimentar. Foi na Idade Média, com a arquitetura gótica, que essa arte teve o seu apogeu, superando a pintura mural e o mosaico.
O estilo gótico buscou construir templos mais altos que tivessem muita luminosidade em seu interior. E, para se conseguir executar esse edifício, diminuiu-se a quantidade de paredes, criando mais aberturas, as janelas. E o vitral foi o elo entre a luz e a arte sacra.
“Por que existem vitrais nas igrejas? Naturalmente para dar-lhes um acabamento e vesti-las, ornamentando-as de maneiras diferentes, segundo o carácter e proposta de cada uma. Os vitrais, nesse particular, devem estar inseridos como ato integrante de culto” (R. Regamery, 1962).
Os vitrais das igrejas góticas sempre têm função catequética, relatando cenas do Antigo e do Novo Testamento, histórias das vidas dos santos. Nos nossos dias, temos os vitrais iconográficos e também abstratos que, se bem projetados, são elementos agregadores de simbologia e mística ao espaço celebrativo.
Quem nunca se viu paralisado, com seu olhar sendo atraído e conduzido pelo vitral? É algo instintivo, toca a emoção e a razão, de forma a levar o observador ao ato de admiração. A partir da incidência da luz, “o vitral cria um ambiente de contemplação espiritual na harmonia do belo com o mistério, do silêncio com a contemplação” (Galvão, 2000).
Fabiana Longhi
Arquiteta
Especialista em Espaço Litúrgico e Arte Sacra
Longhi Arquitetura – Arquitetura do Sagrado
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