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04/04/2020
Honrar Pai e Mãe
“Tempo de lembrar que nossa meta de vida é o céu e que o Pai Eterno nos escolheu em Cristo”

Vivemos um tempo antes impensável, com as pessoas fechada em casa, obedecendo às autoridades, para se defender de um perigo invisível. Passar a Quaresma em isolamento social pode ser propício ao cristão para o convívio familiar e avivar momentos de fé e oração. Tempo de mudança de hábitos para preservar a saúde física e também fortalecer a espiritual.
Os protagonistas do lar cristão são os pais. Deus capacita os pais para a missão de evangelizar a prole. É o quarto Mandamento da Lei de Deus “honrar pai e mãe”. Em seu infinito amor, “Deus quis que, depois de Si, honrássemos os nossos pais, a quem devemos a vida e que nos transmitiram o conhecimento de Deus. Temos obrigação de honrar e respeitar todos aqueles que Deus, para nosso bem, revestiu da sua autoridade” (CIC, 2197). É importante ressaltar que esse é um dever, uma lei, não é opcional para o batizado, por mais estranho que possa parecer a este mundo permeado de valores deturpados e conceitos regidos pelo egoísmo.
Pela família, Deus quer ensinar e salvar seu povo, determinando aos filhos honrar os pais, obedecer a eles e a todos aqueles revestidos de autoridade. Assim, estabelece o princípio da hierarquia que rege todas as sociedades organizadas, tendo início pela família, a menor e mais importante sociedade, por ser a base formadora de todas. Por isso, dá aos pais a autoridade e o direito e dever de educar, missão que se estende por toda a vida; formar seres humanos íntegros que, em sociedade, irão testemunhar os verdadeiros valores no exercício de sua atividade profissional.
Acrescenta ao mandamento uma promessa: honrar pai e mãe para que sejas feliz e tenha longa vida sobre a terra (cf. Dt 5,16). É algo que todos buscam – ser feliz e viver muito; o motivo de não cumprir o dever filial de respeito, gratidão e obediência pode ser entendido pela desestruturação da família ou omissão dos pais em assumir a missão confiada por Deus para prover as necessidades físicas e espirituais dos filhos e ainda a forte influência social, um secularismo que invade os lares cristãos com novas e infundadas ideologias, tudo com o objetivo de desvalorizar e destruir a família, o que resultará no caos social. “Ninguém pode pensar que o enfraquecimento da família como sociedade natural fundada no matrimônio seja algo que beneficia a sociedade. Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimento das pessoas, o cultivo dos valores comunitários e o desenvolvimento ético das cidades e das aldeias” (Exortação Ap. Amoris Laetitia, 52).
Os pais (e avós) transmitem a fé, que é o suporte espiritual, principalmente em situações extremas. Mas “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas por ter um encontro de fé, uma vivência profunda e pessoal com a pessoa de Jesus Cristo que dá um novo horizonte à vida, e com ele uma orientação decisiva” nos ensina o Documento de Aparecida. Então, o lar deve ser o berço da oração, onde os filhos conhecem o amor de Deus, aprendem o Rosário e as primeiras orações; deve ser o laboratório onde se experimenta o amor. Deve haver tempo para cada coisa em família, inclusive, e principalmente, para Deus.
O momento de quarentena, em decorrência da pandemia, é oportuno para a convivência familiar sem o uso excessivo da TV e smartphones, mesmo que a autoridade dos pais seja necessária. Tempo de obediência e disciplina, duas características dos santos e – curiosamente – dos homens de sucesso. Tempo de lembrar que nossa meta de vida é o céu e que o Pai Eterno nos escolheu em Cristo “antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,5), e que a vida profissional é parte do processo de santidade, não seu fim último.
A família é a melhor escola de fé e valores humanos e cívicos; o futuro que se sonha depende de cada família viver o cotidiano, o “ordinário de forma extraordinária” com Deus em tudo e ver tudo em Deus. Afinal, “o futuro da humanidade passa pela família” (São João Paulo II).
Maria Dóris Cipriani Magalhães
Membro da Unijuc, agente da Pastoral Familiar
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