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25/10/2019

Padre Luis Palacín Gómez

Pai da historiografia científica goiana

Padre Luis Palacín Gómez - Vida Cristã - Arquidiocese de Goiânia

Padre Luis Palacín Gómez, filho de Agustín Palacín Poveda e Adelina Gómez, nasceu em Valladolid, Espanha, em 21 de junho de 1927. Sentindo-se chamado à vida religiosa, entrou para a Companhia de Jesus, em Salamanca, no dia 20 de setembro de 1944. Em Salamanca, passou os primeiros anos da formação jesuítica, transferindo-se, em 1948, para Comillas, diplomando-se em Filosofia, em 1951.

 

De 1951 a 1954, realizou o curso de licenciatura em História, nos municípios de Salamanca e Santiago de Compostela, época em que passou a exercer o magistério. Data dessa época o seu amor pela História.

 

De volta a Comillas, cursou Teologia, de 1954 a 1958, e após criterioso discernimento, foi ordenado sacerdote pelo Núncio Apostólico da Espanha, Dom Ildebrando Antoniutti, no dia 15 de julho de 1957.

 

Em 1958, padre Luis Palacín embarcou para o Brasil, onde realizou, em 1959, a Terceira Provação na Fazenda Três Poços, no Rio de Janeiro, concluindo as etapas de sua formação na Companhia de Jesus. No Brasil, passou a integrar a Vice-Província Goiano-Mineira dos Jesuítas, e iniciou, em 1960, seu trabalho na Universidade Católica de Goiás, hoje PUC Goiás, então dirigida pelos jesuítas.

 

Para continuar seus estudos, regressou à Espanha, em 1965, com o fito de cursar o doutorado. Doutorou-se em História, em 1967, pela Universidade Complutense de Madri e, logo em seguida, retornou para seu campo de trabalho na Universidade Católica de Goiás, ministrando aulas também na Universidade Federal e, esporadicamente, em outras instituições, como na Unisinos, no Rio Grande do Sul.

Sacerdote dedicado, prestou relevantes serviços ao Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Goiânia. Atendeu diversas comunidades, muitas na periferia de Goiânia, solidarizando-se com o povo sofrido, socorrendo e minorando seus sofrimentos. Pesquisador arguto, não interrompeu suas atividades, mesmo após se aposentar, aproveitando seu tempo para atender e prestar sua colaboração a trabalhos diversos, pesquisas e bancas examinadoras em diferentes universidades brasileiras.

 

As pesquisas e estudos do Padre Palacín consolidaram um projeto científico para a produção historiográfica de Goiás. A historiadora Maria Augusta Sant’Ana de Moraes afirmou ser o Padre Palacín o “pai da historiografia científica goiana”, no que é secundada por diversos historiadores goianos como Lena Castelo Branco Ferreira Freitas, Gilka Vasconcelos Salles, Noé Sandes, Paulo Bertran, Nasr Chaul e muitos outros. Para o Professor Wolmir Amado, que teve o Padre Palacín como orientador em seu mestrado, a pesquisa historiográfica do Padre Palacín “demarca as origens de um novo fazer histórico em Goiás. Traz consigo diversas fases epistemológicas, metodologias novas, chaves hermenêuticas e conceitos que suscitam novas óticas e enfoques. Por isso, sem o risco da precipitação, serenamente se pode dizer que o Pe. Palacín demarca um antes e um depois no modo de produzir as narrativas históricas, em Goiás”.

 

Como resultado de suas investigações e estudos, deixou publicados os seguintes livros:

 

(1972) Goiás 1722/1822. Estrutura e conjuntura numa capitania de minas.​

(1977) História de Goiás (parceria com Maria Augusta de Sant’Ana Moraes).

(1978) Do Sempre e do Instante (poemas).

(1978) A Fundação de Goiânia e o Desenvolvimento de Goiás.

(1981) Sociedade Colonial, 1549 a 1599.

(1982) Patrimônio Histórico de Goiás (em parceria com Ana Maria Borges).

(1983) Subversão e corrupção. Um estudo da administração pombalina em Goiás.

(1986) Vieira e a Visão Trágica do Barroco.

(1986) Quatro Tempos de Ideologia em Goiás.

(1990) Coronelismo no extremo Norte de Goiás: O Padre João e as três revoluções de Boa Vista.

(1994) História Política de Catalão (em parceria com Nasr Chaul e Juarez Barbosa).

 

Padre Palacín pertenceu aos quadros do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, instituição da qual é patrono da Cadeira 13, hoje ocupada pelo Professor Wolmir Amado, e foi conselheiro do Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central, da PUC Goiás. Era exímio pescador e amante da prática do tênis e do jogo de xadrez, tendo vencido diversos concursos no Brasil e no exterior.

 

Simples, humilde mesmo, nada tinha de seu. Pobre, seguiu o Divino Mestre na escola de Santo Inácio, entregando-se totalmente, corpo, mente e vontade, a serviço do Reino. Sempre tranquilo e afável, escutava todos e conversava sem elevar a voz, sempre prestativo, com olhar sereno e penetrante.

 

Adoecendo, foi diagnosticado com um sério problema de saúde, cujo processo não poderia mais ser revertido. Centrando-se em sua fé, com calma e desprendimento, não deixou se abater e permaneceu firme. Buscou os recursos que poderiam auxiliá-lo e deu fiel testemunho, sofrendo estoicamente, sem desviar o olhar d’Aquele que o encantara desde a sua juventude e cuja ressurreição alicerçava sua inquebrantável fé.

 

No final do mês de janeiro de 1998, seguiu para Itaici, para a casa dos Jesuítas, onde tomou parte no retiro espiritual com seus coirmãos. Após a celebração da Páscoa, fortalecido pela certeza da ressureição, retornou para Goiânia. Aqui, junto à sua comunidade, aos amigos de pescaria, professores, pesquisadores, fiéis das diversas comunidades onde trabalhou como capelão, pároco e vigário cooperador, na Arquidiocese de Goiânia, onde realizou e se realizou em sua vocação missionária, deveria “combater o bom combate, terminar a carreira e guardar a fé!” (2Tm 4,7).

 

Padre Luis Palacín Gómez adormeceu no Senhor, no dia 28 de abril de 1998, aos 70 anos de idade e 53 na Companhia de Jesus. A noite já caíra sobre Goiânia e para o Padre Palacín, a luz do eterno dia se fizera realidade na presença luminosa do Senhor.

 

A Igreja Arquidiocesana, os filhos de Santo Inácio e a comunidade acadêmica, pesarosos, choraram o passamento do virtuoso e dedicado sacerdote, do confrade zeloso e afável, do insigne historiador e professor emérito. Porém, conformados e confortados pela certeza transcendental da existência, expressaram ao Pai Eterno a gratidão imensa pela vida tão profícua do Padre Luis Palacín Gomez, homem de Deus, missionário devotado e sempre disponível para o serviço do Reino, goiano de coração!

 

Antônio César Caldas Pinheiro
Doutor em História e Diretor do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC) da PUC Goiás

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