5º Domingo da Quaresma

As leituras do 5º Domingo da Quaresma, especialmente as do ciclo dominical do Ano Litúrgico A, encerram o chamado “ciclo batismal” do Ritual de Iniciação Cristã. Recordemos que os últimos Evangelhos dominicais que nos apontavam para Cristo como “água para nossa sede e luz para as nossas trevas” (cf. Missal dominical – Missal da Assembleia Cristã, p. 177).

Fomos ao poço de Jacó com a Samaritana, para a piscina de Siloé com o cego de nascença e a liturgia de hoje nos convida a descer até a sepultura de Lázaro, o amigo de Jesus.

Figura 1: Uma curiosidade sobre essas leituras batismais: na pintura da capela do Seminário Santa Cruz temos a representação da Samaritana, do cego de nascença e de Lázaro. Consegue encontrar?

Fonte: Arquivo Seminário.

A primeira leitura de domingo é uma profecia de Ezequiel para o povo que estava no exílio da Babilônia. Estar longe da terra natal e ainda sobre o julgo de outro povo não era uma situação fácil. Até mesmo o salmista relata: “Como havemos de cantar os cantares do Senhor numa terra estrangeira?” (Sl 136(137), 1-6). A audácia daqueles babilônicos, que os oprimiam, era tamanha que chegavam a exigir “alegria na tristeza”. Mas essa transformação só pode acontecer com a ação de Deus. É Ele mesmo que promete que vai nos tirar de nossas sepulturas, da nossa falta de vida e nos encaminhar para uma vida em plenitude.

A segunda leitura, retirada da Carta de São Paulo aos Romanos, quer nos exortar a não viver segundo a carne. Esse tipo de conduta por parte dos cristãos leva ao que podemos chamar de uma “morte espiritual” por causa do pecado. Por outro lado, Cristo nos chama à vida, na graça e na plenitude do seu amor.

O evangelista João irá narrar a ressurreição de Lázaro. Uma leitura pessoal, atenta e demorada certamente nos fará perceber diversos detalhes que poderiam passar despercebidos durante a proclamação do Evangelho na celebração dominical. Percebi que preciso entender um pouco sobre a relação de Jesus com os seus discípulos, a rapidez de Marta, que agora sai ao encontro de Jesus enquanto Maria fica sentada em casa, as falas inconvenientes dos judeus presentes, o choro de Jesus... São inúmeros os elementos que podem nos levar a uma bela oração com a Palavra de Deus, sem contar o fato principal que é o próprio sinal realizado por Jesus no sepulcro de Lázaro.

Diante dessas leituras podemos nos perguntar, seriamente, como um bom exercício quaresmal:

• Qual são os sinais de morte que ainda estão presentes em nossa vida?
• Como deve ser a nossa vida de ressuscitados com Cristo?

Cristo quer também nos chamar para fora de nossas sepulturas. Cristo quer nos chamar de uma vida de morte para uma vida plena na sua graça. Cristo nos chama e espera que o escutemos. É Cristo que tira todos os obstáculos que nos impedem de alcançar a sua graça e nos devolver a sua amizade com ele. É Cristo a nossa ressurreição, a nossa esperança e a nossa vida.

Figura 2: Mosaico do século IV na igreja de Sant’Apollinare Nuovo, em Roma

Fonte: Wikipedia

O caminho quaresmal se encaminha para o seu fim. Preparemo-nos e nos programemos verdadeiramente para uma frutuosa Semana Santa. Procure a programação da sua paróquia e viva intensamente esse único e especial momento de nossa fé cristã.

Guilherme Cunha (Seminarista)

Seminário Maior Interdiocesano São João Maria Vianney