Estamos prestes a viver um momento histórico em nossa Arquidiocese. No dia 19 de novembro, Dom Giambattista Diquattro, Núncio Apostólico no Brasil, fará a imposição do Pálio Arquiepiscopal a nosso arcebispo Dom João Justino de Medeiros Silva, numa celebração na Catedral Metropolitana de Goiânia.

Dentro do rito da imposição o arcebispo faz sua Profissão de Fé e o Juramento de Fidelidade. Este rito é intimamente ligado ao juramento de lealdade ao Papa e seus sucessores pelo metropolita.

Tendo em vista a celebração que se aproxima, é interessante saber o que ela significa e, principalmente, o significado desta vestimenta litúrgica, que se refere a um dos pilares da missão do bispo, a de cuidar e apascentar o povo de Deus que lhe foi confiado. O Pálio, usado pelo Papa e pelos arcebispos, consiste em uma faixa em formato de “Y” feita de lã branca que é colocada sobre os ombros deles.

Essa insígnia representa a ovelha que o pastor carrega nos ombros, assim como fez Cristo com a ovelha perdida. Desta forma, podemos dizer que o Pálio é o símbolo da missão pastoral do arcebispo, é uma prerrogativa dos arcebispos metropolitanos como símbolo de jurisdição em comunhão com a Santa Sé.

Essa vestimenta, feita de lã de dois cordeiros, é criada por monges trapistas da Abadia de Tre Fontane, em Roma, no ano anterior. Desde 1644, os cordeiros são abençoados pelo Abade Geral dos Cônegos Lateranenses em Basílica, na Via Nomentana Complexo Monumental de Santa Inês, fora dos muros, no dia em que se faz memória da Santa, em 21 de janeiro.

O Pálio é confeccionado e costurado pelas freiras de clausura do convento romano de Santa Cecília e são armazenados na Basílica de São Pedro, em Roma, aos pés do altar central, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, do qual o Papa é sucessor e os bispos e arcebispos são sucessores dos apóstolos.

Essa insígnia é abençoada e entregue pelo Papa aos arcebispos novos por ocasião da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. O Papa Francisco instituiu que o Núncio Apostólico de cada país fizesse a imposição do pálio ao arcebispo com a presença de seus diocesanos.

Acompanhe a entrevista com Dom João Justino de Medeiros Silva, em que ele nos dá mais detalhes sobre esta insígnia que será entregue a ele pelo Núncio Apostólico.

Qual é o significado do Pálio?
O Pálio é uma insígnia episcopal utilizada pelos arcebispos para expressar a comunhão daquele que está à frente de uma arquidiocese com o Santo Padre. Essa comunhão é simbolizada por essa insígnia que tem o formato de um colar e é colocada sobre a casula nas celebrações eucarísticas.

Onde o senhor pode usar o Pálio?
O arcebispo usa o Pálio na jurisdição de sua Província Eclesiástica. Neste caso, como arcebispo de Goiânia, eu posso utilizá-lo em todo o território da Arquidiocese de Goiânia, bem como em todas as sete dioceses que compõem a Província Eclesiástica de Goiânia. O Pálio é esse distintivo que simboliza a missão do arcebispo que está à frente de uma província eclesiástica.

Qual é o significado dos cravos que são colocados no Pálio?
O Pálio é feito de lã de ovelhas e recorda a ovelha que o Jesus o Bom Pastor carrega em seus ombros. No Pálio são inseridos três cravos que lembram os cravos que foram usados para pregar o Senhor na cruz. O ministério episcopal é para nos conformar a Cristo Bom Pastor, mas também é aquele que deu a sua vida por suas ovelhas no mistério da sua cruz. Assim, os cravos são símbolos que nos ajudam a celebrar a nossa fé e apontam para o mistério do ministério do bispo à frente de uma igreja diocesana.

O arcebispo recebe um um Pálio diferente a cada Arquidiocese que assume?
Em 2019 recebi um Pálio pois estava como arcebispo de Montes Claros, Minas Gerais. Agora, como arcebispo de Goiânia, receberei outro Pálio. Embora permaneça conosco, o Pálio está ligado ao título daquela Província Eclesiástica. Assim, cada vez que um bispo é nomeado arcebispo, ou o arcebispo é nomeado para outra Arquidiocese, ele recebe o Pálio das mãos do Papa que, depois, por uma determinação do Papa Francisco, é imposto pelo Núncio Apostólico, geralmente na Catedral da sua Arquidiocese, junto do seu clero, do seu povo.

Qual é a importância desse momento para a Arquidiocese de Goiânia?
Para a Arquidiocese de Goiânia é bonito participar desse momento, já que pela primeira vez o arcebispo vai receber o Pálio em sua Catedral. Os arcebispos anteriores a mim receberam o Pálio em Roma e eu, aqui, no próximo dia 19 de novembro. É um momento bastante significativo, justamente porque, participando da celebração, vivenciando o que estamos celebrando, torna-se mais evidente para nossa Arquidiocese e para as dioceses da província o sentido de unidade e comunhão.

Marcos Paulo Mota