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21/09/2020
Orai sem cessar (1Ts 5,17)

Queridos irmãos e irmãs,
Domingo passado, refletimos juntos sobre a Meditação, o segundo passo da Lectio Divina. Nesta semana, convido vocês a refletir comigo sobre a Oratio, ou seja, a oração. A passagem da meditação para a oração acontece quando já está claro diante de nós aquilo que Deus nos pediu na meditação. Eis o degrau da oração. Nasce espontaneamente, então, a pergunta: “O que desejo dizer a Deus?”. Orar é responder a Deus depois de tê-lo escutado. É dizer “sim” à sua vontade e a seu projeto a respeito de nós. Santo Agostinho afirmava: “Quando lê a Sagrada Escritura, Deus fala a ti; quando ora, tu falas a Deus”.
Com a meditação, nós havíamos descoberto o que Deus diz no segredo da consciência. Agora, ele espera que nós respondamos à sua Palavra na oração. Em outros termos, depois que a Palavra é incorporada no nosso mundo interior, a oração a faz voltar a Deus de forma vocativa. A oração, portanto, é o momento no qual nos envolvemos nos sentimentos religiosos que o texto nos sugere e suscita dentro de nós. A Palavra de Deus, feita oração, torna-se em nós motivo de louvor, agradecimento, súplica, confiança, arrependimento, bênção.
Na Lectio, o momento da oração se desenvolve segundo várias modalidades, que cada um percebe dentro de si, como arrependimento, pedido, agradecimento e louvor. A oração de arrependimento nos faz ter consciência do nosso distanciamento do Pai, cujo amor nós traímos e, por isso, nos coloca no caminho de retorno a ele com ânimo arrependido, como o filho pródigo (cf. Lc 15,11-32), e nos ensina a pedir a salvação com humildade como o pecador: “Ó Senhor, tem piedade de mim, pecador” (Lc 18,13). Com a oração de petição e de intercessão, somos convidados a pedir algo ao Pai em nome de Jesus, para poder obter com abundância o dom do Espírito Santo (cf. Lc 11,13). Com a oração de agradecimento e de louvor, fazemos a experiência da ação salvífica de Deus na nossa vida e do amor misericordioso que nos acompanha no dia a dia, pelo qual tudo se torna um dom, estupor pelas maravilhas que ele cumpre em nós, agradecimento e alegria no Senhor.
Outra modalidade de oração com a Palavra também se alcança quando nos damos conta que a oração tende a nos conduzir em direção a algo simples. Esse processo de simplificação nos leva primeiro a nos concentrar sobre um número sempre menor de palavras do texto sagrado e, depois, unifica a nossa oração que, no mesmo tempo, é unidade com o Senhor, porque tudo se funde em um diálogo profundo com Deus. E cada um pode encontrar o próprio caminho de oração, feito daquela acentuação única que privilegia o silêncio ou a escuta ou a capacidade de estupor de fé.
É importante lembrar que a oração não é uma experiência separada da vida ou um fato isolado. Reza-se aquilo que se vive; ama-se através das nossas situações e coisas concretas que vivemos. Transformar a Palavra em oração significa nos espelhar através da Escritura nas situações cotidianas, feitas de alegria e amarguras, de conquistas e insucessos e de confrontá-las com a vontade de Deus. No fundo, somente quem ama verdadeiramente transforma em oração todas as realidades da vida, porque rezar é o ponto de partida para a ação. Rezar não está relacionado a sentimentalismos, mas é buscar a vontade de Deus e vivê-la com generosidade e alegria.
Convido vocês a acrescentar, durante esta semana, mais esse passo no seu itinerário pessoal de oração.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
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