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14/12/2018

Na Igreja ninguém é um estranho

"A Verdade é que vivemos a cultura da indiferença. Habituamo-nos a ver o sofrimento do outro"

Na Igreja ninguém é um estranho - Vida Cristã - Arquidiocese de Goiânia

Os fluxos migratórios voltaram à pauta do dia. Temos acompanhado nos noticiários as manifestações de xenofobia praticadas por brasileiros contra venezuelanos em Roraima; a política extremista do presidente Donald Trump, que busca derrubar a 14ª emenda e negar a nacionalidade aos nascidos nos EUA de pais imigrantes; e o crescimento na Europa da retórica nacionalista, com a sua política eurofóbica.

 

A mídia, na maior parte das vezes, oferece uma visão distorcida dos efeitos da migração, apontando os imigrantes como os responsáveis pelos colapsos nos sistemas de saúde, educação e seguridade social. Essa retórica acaba por gerar reações violentas contra o movimento migratório. Assim, faz-se importante saber qual é a posição da Igreja em relação a esse assunto.

 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece o direito de cada pessoa “deixar qualquer país, incluindo o próprio e a esse regressar” (art. 13,2) sem, no entanto, dizer nada sobre o direito de entrar em outro país diferente do seu. A Igreja, por sua vez, defende o direito de migrar (CCC, 2.241), mas não encoraja o seu exercício. Ela sabe, de fato, que a migração tem um custo muito alto e é sempre o migrante que paga. Por outro lado, ela também reconhece que a migração é, às vezes, o mal menor.

Diante da pobreza e da miséria, do desemprego, da falta de liberdade e democracia, da perseguição política e de conflitos e guerras na pátria, homens e mulheres são forçados, assim como foi a Família de Nazaré, a abandonar o seu país, seus familiares, vizinhos e amigos e ir para uma terra estrangeira. Fora de casa, esses imigrantes encontram cidades sem alma e habitantes sem empatia com o sofrimento e a dor do próximo.

 

O papa Francisco, em sua homilia na ilha de Lampedusa, nos chamou a atenção a essa apatia que nos ronda. Somos capazes de ver o irmão sofrendo, mas continuamos a caminhar. O papa nos compara com o sacerdote e o levita de que Jesus fala na Parábola do Bom Samaritano: ao vermos o irmão quase morto na beira da estrada, talvez pensemos “coitado” e prosseguimos nosso caminhar.

 

A verdade é que vivemos a cultura da indiferença. Habituamo-nos a ver o sofrimento do outro. Nada nos diz respeito, nada nos interessa, nada é responsabilidade nossa. Não somos capazes de chorar pelo sofrimento do irmão venezuelano ou nos preocupar com as famílias que foram separadas em razão da imigração. Pensamos apenas na provável perda econômica que esses imigrantes poderão nos custar.

 

Não somos capazes de ver que por detrás de cada homem e mulher estrangeiros, há um desejo de conseguir sustentar sua própria família. “Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar”, chamou a atenção o papa Francisco.

 

A Igreja nos estimula a acolher os estrangeiros e nos solidarizar com eles. São Paulo VI dizia que “na Igreja ninguém é um estranho”. Portanto, diante da imigração, todos nós temos uma oportunidade extraordinária de conhecer outras pessoas, outras culturas, oferecer a todos o nosso amor e serviço e, assim, ser testemunhas do Evangelho.

 

Termino este artigo revisitando o discurso de São João Paulo II aos membros da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, em 27 de abril de 2001, quando ele disse que “a globalização, a priori, não é boa nem ruim. Será o que as pessoas farão com isso. Nenhum sistema é um fim em si mesmo, e é necessário insistir que a globalização, como qualquer outro sistema, deve estar a serviço da pessoa humana, da solidariedade e do bem comum.”

 

Lorraine Vieira Nascimento
Membra fundadora da Unijuc

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