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28/02/2018
Missão África
Pe. Max conta a sua experiência na África e em Guiné-Bissau
Esses dias tenho vivido uma experiência magnífica na África, em Guiné-Bissau. Por esse motivo, gostaria de partilhar com vocês o que tenho visto, sentido e aprendido aqui. No interior da Guiné,
Não se tem muros que cerquem as casas com concertina, mas se tem vizinhos para partilhar a vida.
Não se tem energia elétrica, mas se tem brilho nos olhos e sorriso nos lábios que iluminam a alma.
Não se tem água encanada, mas se tem fraternidade à beira do poço.
Não se tem televisão e tablet para as crianças, mas se tem brincadeiras e pé no chão.
Não se tem comida industrializada, fabricada aqui, mas se tem o pão mais gostoso do mundo, sovado à custa de muito suor.
Não se tem ruas asfaltadas, mas se tem pé cheio de poeira que sente o gosto e o cheiro da terra, que faz todos ser mais "gente" do que os "civilizados".
Não se tem escolas para todas as crianças, mas se tem a presença constante da mãe que sempre as carrega nas costas e as educa.
Não se tem casas vazias, mas famílias numerosas.
Não se tem "desolação", mas se tem muita conversa e riso.
Não se tem um hipercuidado de "superproteção" das crianças, mas se tem muita vida, alegria, brincadeiras entre elas, que as ajudam a viver sua infância como criança.
Não se tem fogão a gás para cozinhar, mas se tem a alegria de reunir a família em torno do fogareiro para fazer a comida.
Não se tem carro para andar sozinho, mas a companhia daqueles que trilham juntos o caminho.
Não se tem alimento para todos, mas se tem a partilha e fraternidade, que faz o milagre da multiplicação.
Não se tem engenharia para construir as casas, mas se tem o mutirão da família que trabalha junta para construir sua própria casa.
Não se tem uma agenda interminável de compromissos, que os escravize, mas se tem o fim da tarde para sentar na varanda com a família e conversar com os vizinhos.
Não se tem roupas de "marca", mas se tem tecidos coloridos belíssimos e mulheres que se vestem e se portam com muita elegância...
Aqui, em meio a tanta pobreza material, se tem uma riqueza imaterial incalculável, na qual nós, ditos "civilizados" e "tecnologizados", deveríamos aprender. Vendo de maneira muito especial a alegria e a esperança que brotam do olhar das crianças, digo que devemos voltar à essência, ao antropológico, ao que nos humaniza e nos faz ser "mais gente". E cada vez mais estou convencido de que o Reino de Deus é dos pobres e pequenos, e isso não lhes será tirado.
Pe. Max Costa
Administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora em Senador Canedo
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