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12/02/2020

A adoção é dom de Deus

Seja biológico ou natural, filho é filho e pronto. Então, o olhar sobre esse indivíduo precisa ser outro, mais positivo, esperançoso. Esse é o olhar do cristão.

A adoção é dom de Deus - Vida Cristã - Arquidiocese de Goiânia

No mundo descartável em que estamos imersos, falar que adoção é dom de Deus soa estranho. O egoísmo que move homens e mulheres impede-os de ver beleza no ato caridoso de amar o próximo, até de torná-lo seu filho. Essa é a essência da adoção. Amor sem condição. Sem medidas. Sem cobrança. Sem esperar nada em troca. Amar.

 

Tempos atrás, atendendo a um cliente que buscava informações sobre o processo de adoção, explicando-lhe sobe a demora em localizar o filho pretendido, por conta da imensa burocracia, ouvi dele o seguinte: “Doutora, e se meu filho foi abortado? Se o filho que viria para mim foi abortado? A minha chance de ser pai não existirá”. Diante do sofrimento dele, acalmei-o, mostrando o grande número de crianças presentes em abrigos à espera de um lar. Ele se foi tranquilo e eu fiquei pensativa.

 

A vida deve ser protegida desde a concepção. Acredito nisso. E sempre defendi essa premissa. A vida é dom precioso de Deus. Mas as palavras daquele jovem homem mexeram profundamente comigo. O aborto é uma lástima em todos os sentidos. Gera dor profunda.

 

Ciente da imensa espera dos futuros pais adotantes, fico muito triste. Quantas crianças não tiveram a chance de nascer por conta dos grupos pró-aborto? Olhando a estatística do Conselho Nacional de Justiça, percebe-se que não há filhos para tantos pais. Hoje há 46.071 pedidos de adoção. Ou seja, há 46.071 famílias à espera de um filho. Em contrapartida, há 9.418 crianças e adolescentes à espera de pais. Desses, a maioria está acima dos 7 anos.  O que falta para haver o encontro de pais e filhos?

 

Pesquisando sobre o assunto desde 2013, percebo que faltam políticas públicas eficientes para desburocratizar a adoção e campanhas que combatam o preconceito. A maioria dos adotantes quer criança do sexo feminino e menor de 5 anos. O preconceito, sem dúvida, é o maior empecilho para que esses pequenos, retirados de suas famílias, possam ser criados em um lar, tal como prevê nossa legislação.

 

A Constituição Federal de 1988 prevê no artigo 227 que: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. 

 

Assim, quando a família falha, o poder público age no sentido de proteger a criança. Dessa forma, sem possibilidade de devolver a criança à família, esta perde o poder familiar e o caminho seguinte é a adoção. Mas qual é nosso papel como sociedade, Igreja?

 

Primeiro, exercer o amor fraterno, buscando intensificar as ações já existentes na proteção da família em risco. Depois, trabalhar na promoção da vida, combatendo o aborto, incentivando essas mães a entregarem seus filhos para adoção, quando não puderem criá-los e, o mais importante, combater o preconceito. Nesse quesito, a opinião precisa de fato mudar. Uma criança acima de 7 anos não é um problema. Todo filho requer cuidado. Dá trabalho educar. Seja biológico ou natural, filho é filho e pronto. Então, o olhar sobre esse indivíduo precisa ser outro, mais positivo, esperançoso. Esse é o olhar do cristão.

 

A legislação brasileira colaborou muito para acabar com esse preconceito. Somente em 2002, com o novo Código Civil, filho biológico e filho adotado tiveram os direitos igualados.

 

Temos, na história da Igreja, adoções importantes. Se São José não tivesse adotado Jesus, será que teríamos a história da salvação escrita tal como ela foi? Se Moisés não tivesse sido adotado pela filha do faraó, será que seu grande legado existiria? Graças a Deus, a adoção esteve presente, mudando o rumo da história.

 

Quantos Moisés e Jesus estão em abrigos, crescendo sem amor, sem uma educação cristã, sem a chance de se desenvolverem como indivíduos bem formados e assim construírem belas e felizes histórias? A adoção é, de forma muito eficaz, o caminho do coração de Deus.

 

Marizete Pires da Silva Costa
Advogada e membro da Unijuc

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