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25/06/2019
Vamos Cantar o Tempo Comum?
O Tempo Comum também merece nossa atenção, no que se refere ao canto e à música na liturgia.
O Ano Litúrgico nos dá a possibilidade de vivermos os diferentes momentos da vida de Cristo, não simplesmente como espectadores, mas participando com Ele de seu apostolado, nos aproximando dos discípulos em seu itinerário de formação e experiência junto ao Mestre. Este é o sentido do que chamamos Tempo Comum, sinalizado pelo verde da esperança. Nele, celebramos a globalidade do Mistério Pascal, de modo particular aos Domingos, que são a nossa Páscoa semanal.
Algumas das grandes celebrações da nossa fé ocorrem no Tempo Comum, como é o caso do Domingo da Santíssima Trindade ou do Domingo de Cristo Rei. Além disso, também é nesse tempo que ganha destaque a vida dos santos, como exemplos a serem seguidos, como setas que apontam para a centralidade de Cristo, cabeça de seu corpo, a Igreja.
O canto e a música na liturgia trazem, então, a marca de um tempo que gravita entre a sobriedade da preparação e o júbilo da Páscoa. É o tempo da vida ordinária, do dia a dia, com suas dificuldades e alegrias. Isso, contudo, não significa que se possa cantar qualquer coisa. É preciso estar atento à Liturgia da Palavra de cada Domingo, extraindo elementos para a escolha de um repertório adequado. Além disso, deve-se também levar em conta as diferentes realidades em que estamos inseridos, os diferentes grupos com os quais iremos celebrar, a fim de escolhermos cantos que nos ajudem a viver a nossa vida na Vida de Cristo.
Esse é o verdadeiro sentido de cantar a vida com fé, lembrando que, na liturgia, os cantos ainda deverão estar afinados com os diferentes ritos e momentos da celebração: um será o Glória; o outro, o Ato Penitencial. Enfim, caso descubramos a riqueza velada sob o enorme patrimônio de nossa tradição eclesial, obteremos a chave para vivermos a autêntica espiritualidade cristã, a espiritualidade do Ano Litúrgico.
O Tempo Comum também merece nossa atenção, no que se refere ao canto e à música na liturgia. Como já fizemos a respeito da Quaresma e da Páscoa, listamos, a seguir, algumas sugestões:
Canto de Abertura: O Canto de Abertura, também chamado Canto de Entrada, é o primeiro momento da celebração. Pode ser substituído pela entoação da Antífona de Entrada, que é suprimida quando há canto. Deve ser escolhido levando-se em conta a centralidade de Cristo, mesmo nas festas dos santos e da Virgem Maria. Tem o objetivo de congregar a assembleia num só corpo e num só espírito, sempre refletindo os diferentes momentos do Ano Litúrgico.
O Glória: O Glória é um dos hinos mais antigos da tradição cristã. Inicialmente, era cantado apenas na noite de Natal, estendendo-se, posteriormente, a todas as festas da Igreja. Como hino, deveria ser cantado integralmente, sem interposição de refrão. No Tempo Comum, é cantado não apenas aos Domingos, mas também nas demais festas e solenidades.
O Canto do Salmo Responsorial: Já falamos, em outra oportunidade, sobre o primado que o texto deve exercer sobre a melodia na música litúrgica. A Palavra de Deus é, portanto, nossa primeira e mais importante fonte de inspiração. O que não dizer, então, a respeito da Liturgia da Palavra, em que se insere o canto do salmo? Por se tratar de um texto poético, o livro dos Salmos deve ser considerado como o mais rico expoente da tradição musical judaico-cristã.
O Canto da Apresentação dos Dons: O momento da preparação das oferendas é, em geral, acompanhado pelo canto. De maneira particular no Tempo Comum, valeria a pena insistirmos no texto da apresentação dos dons, conforme consta no Missal Romano, como principal referência para nossas canções. Assim, a conexão entre o rito e o canto se tornará ainda mais explícita. Como exemplo, citamos melodias para os textos bendito seja Deus para sempre!, ou bendito sejas... etc.
O Canto de Comunhão: Durante a comunhão dos fiéis, entoa-se um canto processional. Esse canto deve-se iniciar imediatamente após a comunhão do presidente da celebração, cessando com o encerramento da procissão. Recomenda-se que sempre esteja em sintonia com a Liturgia da Palavra, evidenciando a estreita relação entre Palavra e Eucaristia, como duas partes de um único rito. É oportuno que o canto de comunhão retome algum fragmento retirado das leituras realizadas.
O Canto do Presidente da Celebração: Entre os graus de importância da música na liturgia, os diálogos presidenciais ocupam um lugar de destaque. É preciso incentivar o canto por parte dos padres e diáconos, usando as melodias por eles já conhecidas, evoluindo na aprendizagem de novas melodias. Nos Domingos do Tempo Comum o canto do presidente impõe o caráter solene da celebração, como expressão da centralidade do Mistério Pascal no curso da nossa vida.
Equipe de Canto Litúrgico da Arquidiocese de Goiânia
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