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21/01/2022

O testamento de Dom Emanuel Gomes de Oliveira

História da Igreja em Goiás

O testamento de Dom Emanuel Gomes de Oliveira - Notícias - Arquidiocese de Goiânia

O testamento de Dom Emanuel Gomes de Oliveira foi escrito em Goiânia no dia 8 de setembro de 1954, ano que antecedeu sua morte. Ele faleceu no dia 12 de maio de 1955, aos 81 anos, no quarto de sua residência, situado no Seminário Santa Cruz, em Silvânia-GO. O testamento é prioritariamente de cunho religioso, pois considerava que era necessário para o bem de sua alma no seu post mortem. Ele invocou a Santíssima Trindade, depois Nossa Senhora e os santos de devoção pessoal, professando a fé católica. Esse tipo de preâmbulo pode ser chamado de escatológico, pois sugere que o testamento era um importante meio para sua salvação, remetendo a uma preocupação com a sua alma que ia além da sepultura.

Dom Emanuel renovou a sua fidelidade à Igreja Católica Apostólica Romana e reiterava a sua fidelidade ao ministério petrino, figurado na pessoa do papa, de acordo com a ordem hierárquica da qual ele fazia parte como bispo católico. Essa profissão de fé reforçava o seu espírito de obediência e submissão aos dogmas e ensinamentos da fé católica.

O segundo elemento no testamento em questão diz respeito ao pedido de perdão. Ele se arrependeu de seus pecados e pediu perdão a Deus por eles. Depois, concedeu seu perdão a todos os que o ofenderam, retomando a parte da oração do Pai-Nosso que diz “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”. Além disso, há um elemento interessante, o pedido de perdão aos seus padres. Sendo ele bispo de Goiás, exercendo uma função de governo, durante a vida deve ter enfrentado muitos impasses com diversos padres no seu episcopado. Portanto, esse pedido de perdão tem um valor simbólico, nessa altura do fim da vida. Uma reconciliação que pudesse apaziguar os ânimos, reparando os erros cometidos.

O terceiro elemento mostrava a sua relação com os bens materiais. Dom Emanuel era um bispo religioso, salesiano. Ao ingressar na congregação fez o voto de pobreza, com a finalidade de viver esse conselho evangélico. Ao relatar essa realidade no seu testamento, da sua relação com os bens materiais, ele deixou transparecer o seu esforço na prática do voto feito no início de sua vida religiosa.

No quarto elemento do testamento há um relato sobre as obras de caridade. Nesta parte, Dom Emanuel enfatizou as obras feitas por suas mãos, sejam elas de fé ou caridade, ressaltando a figura dos seus benfeitores que não foram poucos, possibilitando seus grandes feitos. Durante seu episcopado, ele soube agregar perto de si pessoas de posses, condições financeiras elevadas e influência política e social que colaboraram muito para o bom andamento de seu episcopado, que durou mais de 30 anos. Relatar essa situação no testamento tem duas finalidades: agradecer às pessoas que ajudaram diretamente as obras da Igreja; fazer o balanço de sua ação e mostrar o seu despojamento material no fim de sua vida, uma forma de prestar contas diante de Deus para se redimir, no desejo de ganhar a salvação eterna.

O quinto elemento é representado pelos dados autobiográficos. Por meio do relato de alguns dados da sua história, Dom Emanuel ressaltou sua orfandade, a grande ajuda que teve de seu tio Quintiliano José do Amaral, cônego da Capela Imperial, e sua formação religiosa junto aos salesianos.

O tema misericórdia deu a tônica do fim de seu testamento. Dom Emanuel se lançou inteiramente diante da misericórdia de Deus, principalmente perante seu julgamento, para que Deus pudesse ser misericordioso consigo. Ele encerrou com uma frase em latim “In te, Domine, speravi: non confundar in aeternum!”, que significa “Em ti Senhor, esperei: não serei confundido na eternidade”. Essa é a última frase que compõe um dos hinos mais antigos da Igreja Católica chamado Te Deum, um hino de ação de graças contido na liturgia das horas e que é cantado nas festas litúrgicas mais importantes da Igreja Católica.

O corpo de Dom Emanuel foi sepultado na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora − Catedral, no presbitério, aos pés do altar-mor, onde foi colocada uma lápide de pedra com a inscrição que contém uma breve e elegíaca biografia. 

Pe. Maximiliano Costa

Mestre em História

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