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15/07/2017

Entrevista com Pe. Arthur

Divulgada no jornal Encontro Semanal, na edição de 9 de julho

Entrevista com Pe. Arthur - Notícias - Arquidiocese de Goiânia

Redescobrir a fé na beleza da vida cristã

 

Um assunto recorrente em diversas ocasiões da vida humana é a fé. Diante do bombardeio de notícias ruins nos meios de comunicação, não é raro ouvir comentários do tipo: “O mundo está perdido!”; “Meu Deus, o que está acontecendo com as pessoas?”; “Perdi a fé no ser humano”, e por aí vai. Se de um lado se percebe uma crescente busca e necessidade de Deus, o contrário também é verdadeiro: um distanciamento da fé também ocorre. E não é preciso ir longe, muitas vezes, na própria família, encontramos aqueles que se afastaram da fé, que perderam a intimidade com Deus ou que simplesmente afirmam não crer em nada, além dos fatos. Aí pode-se questionar: Mas eu creio, vou às missas frequentemente, tenho uma boa vida de fé, não me diz respeito a fé do outro!

Bem, a fé realmente é algo pessoal. A experiência de Deus também. Porém, o distanciamento da fé dos irmãos e irmãs nos importa, e muito, pois faz parte da missão cristã dar testemunho do amor divino. A relevância do assunto é mundial, tanto que a intenção de oração do papa Francisco para o mês de julho é que rezemos “pelos nossos irmãos que se afastaram da fé, para que, por meio da nossa oração e do nosso testemunho evangélico, possam redescobrir a proximidade do Senhor misericordioso e a beleza da vida cristã”.

Em entrevista, padre Arthur Freitas, coordenador da Ação Missionária e Nova Evangelização, Catequese e Iniciação Cristã, da Arquidiocese de Goiânia, ajuda a compreender e suscita a reflexão do porquê, na maioria das vezes, o afastamento da fé acontece, como compreender a fé e qual o papel de cada um no processo de redescoberta e despertar da fé.

 

Padre Arthur, pela sua experiência, o que geralmente leva as pessoas a se afastarem da fé?

O primeiro motivo é um fenômeno que acontece com todo mundo, e não somente em relação à fé, que é a questão da crise de sentido, de significado, uma dificuldade de entender aquilo que somos e para que somos. Essa é uma questão que causa distração, tira o foco do que é essencial para coisas secundárias. A segunda questão é o subjetivismo e o que deriva dele, como o hedonismo, individualismo e o relativismo, cada vez mais crescente. Todos esses “ismos” causam a despersonalização, fecham o homem em si mesmo, evitando a crença em algo maior ou acima dele. E um terceiro ponto é o fraco testemunho dos que creem, o que leva as pessoas a acreditarem menos ainda ou a deixarem de crer, o contratestemunho, assim podemos dizer.

 

O que podemos entender por “ter fé”?

Ter fé é uma livre adesão de vontade e de inteligência a Deus, que nos chama; portanto, é algo pessoal. Mas o Catecismo da Igreja Católica também nos diz que a fé é um ato pessoal, uma resposta livre do homem à proposta de Deus que se revela. No entanto, não é um ato isolado. Ninguém pode acreditar sozinho, tal como ninguém pode viver só. A fé cristã, embora seja algo pessoal, é também uma fé comunitária, naquilo que foi transmitido pela Igreja.

 

É possível medir a fé?

A fé não é algo que se mede. O importante da fé é a intensidade da adesão que se dá à ela. Não se pode crer mais ou menos. Ou se crê ou não. Quando dizemos que uma pessoa tem muita ou pouca fé, na verdade, nos referimos à maneira como a pessoa vive a fé que diz ter, se transmite um bom ou um medíocre testemunho.

 

A visão que cada pessoa constrói de Deus pode influenciar na maneira com que ela vive a Fé?

Sem dúvida nenhuma, a visão que nós temos de Deus, a partir da nossa experiência, interfere muito na nossa maneira de viver a fé, não só na experiência pessoal, mas também na experiência dos outros. Como a experiência que eu tive quando criança, ao ver a fé dos meus pais, dos meus avós, das pessoas próximas, do meu catequista, do meu pároco. Então, na medida em que eu vou crescendo e vou vendo também a experiência de fé da minha comunidade, daqueles que me cercam, eu vou criando ou formando em mim uma imagem, uma visão de Deus. É claro que o mais forte é a minha experiência pessoal, mas a experiência comunitária daqueles que estão ao meu redor também é muito forte. Logo, precisamos tomar bastante cuidado e ter atenção ao modo como estamos vivendo e dando testemunho da fé, sobretudo para as gerações mais novas, porque essas experiências podem ser decisivas nas escolhas referentes à fé e na relação atual com o outro.

 

Qual a importância da vida de comunidade e da vida sacramental para a fé?

Ambas são de extrema importância para uma vida de fé saudável e crescente. A vida em comunidade é que nos dá sustento e amparo diante das dificuldades, das provações, das dúvidas de fé. A comunidade é um dom de Deus, aliás o próprio Jesus já havia dito que o amor fraterno é o elemento principal para quem quer crescer e amadurecer na fé. A vida sacramental é o alimento da fé, é o alimento que nos traz a graça. Como a fé é um dom e graça de Deus, ela precisa ser mantida, alimentada e fortalecida. Também pela graça divina, nós reconhecemos que os sacramentos são essa graça que Deus nos dá para alimentar a nossa fé.

 

Como cada um de nós pode fazer a diferença na manutenção da fé católica?

É papel de todos os membros da Igreja manter a fé e transmiti-la. E aqui nós podemos dar duas direções importantes: a missão de discípulos e missionários. O discípulo é aquele que aprende do mestre, que faz a experiência pessoal, constante, contínua, diária, que está aos pés do Senhor ouvindo a Palavra. O Senhor nos oferece elementos importantes para sermos discípulos: conhecimento e estudo da Palavra e da doutrina e aprofundamento na vida cristã. A partir disso, somos também chamados a ser missionários, viver o apostolado, ou seja, transmitir a fé para que ela se mantenha e cresça no mundo fora de mim. Então, além de ter de Cristo recebido e em Cristo ter feito contínua experiência do amor divino, sou chamado a colocá-la em prática e a levá-la aos demais, testemunhando, tanto pela pregação verbal, mas, principalmente, pela pregação na ação, pelos gestos, pela atitude, pelo comportamento, pela defesa daquilo que é bom segundo a vontade de Deus.

 

Como lidar com uma pessoa próxima a nós que se afastou da fé?

Para responder essa pergunta, não podemos considerar que todas as pessoas se afastaram da fé pelo mesmo motivo. Por isso, é preciso ter bastante cuidado para não buscar um método que se aplica em todos os casos. Existem outras posturas que devem ser aplicadas em certas situações, pois, guardadas as devidas diferenças, o próprio espírito de Deus é que completa a obra. Então, o que seria muito importante, em todos os casos, são as iniciativas de evangelização, que devem brotar da oração, porque é a graça de Deus que primeiro atua. Então se eu pretendo conduzir alguém de novo à experiência da fé, eu preciso começar pela oração. Depois disso, o segundo elemento é o testemunho da caridade. O testemunho de quem pretende levar o outro à fé é fundamental, senão suas palavras depois se tornam vazias. Nós precisamos começar por uma vivência de fé autêntica, para que as pessoas vejam o bem que a fé nos faz e pode fazer a elas. Embora tenham tido uma experiência negativa em relação à fé, em relação à Deus e em relação à Igreja, é possível que elas façam uma nova experiência, diferente. Tendo feito isso, o processo de oração, intercessão e o testemunho, é preciso considerar o processo a partir da realidade própria da pessoa, o que a levou ao afastamento da fé, quais as causas, quais foram as consequências e o que isso produziu nela.

 

Talita Salgado

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