A espiritualidade do tempo do Advento e da Novena de Natal foram os principais temas abordados na Reunião Mensal de Pastoral da Arquidiocese de Goiânia. Realizada no último dia 9, na Cidade da Comunhão (CPDF), foi presidida pelo arcebispo Dom Washington Cruz, coordenada pelo padre Vitor Simão e teve como assessor o padre Antônio Donizeth do Nascimento, coordenador arquidiocesano de Arte Sacra.

 

A reunião teve o objetivo de despertar ou reafirmar nos participantes o desejo de preparar-se para celebrar, em família e em comunidade, o grande dia de Natal e o Tempo do Natal, que vai do dia 24 de dezembro, à noite, até a Festa do Batismo do Senhor. Neste ano, o Tempo do Advento começa no dia 1º de dezembro e termina no dia 24.

 

Inicialmente, houve celebração das Laudes (louvores da manhã), seguida de pregação do arcebispo, que comentou a Festa da dedicação da Basílica de São João de Latrão, celebrada no dia 9 de novembro. Sé episcopal do bispo de Roma, o papa Francisco, a igreja é também catedral e mãe de todas as igrejas do mundo. “Celebrar essa festa leva-nos a refletir sobre o sentido do templo como organismo vivo, do qual os cristãos são pedras vivas. Devemos fazer de tudo para que as igrejas não sejam museus, mas casas de oração, onde se reúne a Igreja viva”, disse Dom Washington. Ele ressaltou ainda que uma “Igreja em saída”, missionária, requer a igreja templo de portas abertas, para acolher todos os que a procurarem, em busca de alimento para sua fé. “Que o Senhor conceda a graça de ter nossas paróquias cuidando dos membros mais frágeis da Igreja, como os pobres, os doentes e os encarcerados”, rezou o arcebispo.

 

Esperança

O padre Antônio Donizeth enfatizou que o Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa, de preparação para as solenidades do Natal. Comemora a primeira vinda do Senhor Jesus e volta-se, também, para a expectativa da sua volta. “É um tempo propício para despertar em nossos corações a esperança, um dom que muda a vida de quem o recebe. Jesus revelou-nos o rosto de Deus tão grande no amor, que nos comunicou uma esperança inabalável”, exultou.

 

O assessor da Reunião de Pastoral afirmou, ainda, que “O mundo está precisando ter fé no Deus verdadeiro, para superar a realidade de morte, mentira, injustiça e exploração. O progresso da ciência contribui muito para a humanidade, mas não pode redimi-la. O homem é redimido pelo amor. Por isso, na preparação para o Natal que temos no tempo do Advento, o principal foco não deve ser a realidade, mas a dimensão do amor”, porque só o amor pode transformar o homem, que pode transformar a realidade.

 

Dimensões

Ao explicar as três dimensões do tempo do Advento, o assessor recordou reflexão do papa Francisco, feita em 2018. Em relação à primeira dimensão, o passado, o papa diz ser necessária a “purificação da memória”, recordar bem que o protagonista não é a árvore de Natal, mas Jesus Cristo, “o redentor que veio para nos salvar”. O risco, como lembra, é de mundanizar a festa, focando só nas compras, nos presentes, e não colocar Jesus no centro da festa, da nossa vida. Afinal, essa distração não propicia a contemplação, entrar dentro de si.

 

Falando sobre a segunda dimensão do Advento, o futuro, o papa lembra seu objetivo de “purificar a esperança” e se preparar para o encontro pessoal e definitivo com o Senhor, na certeza de que Ele voltará! E voltará para nos perguntar ‘Como foi a sua vida?’.  Abordando a terceira dimensão, o presente, o papa Francisco nos convida a “purificar a vigilância”, cultivando a dimensão cotidiana da fé, cuidando da casa interior. “Vigilância e oração são duas palavras para o Advento; porque o Senhor veio, na História, em Belém; virá, no final do mundo e também no final da vida de cada um de nós. Mas vem todos os dias, em todos os momentos, no nosso coração, com a inspiração do Espírito Santo”, prega o Sumo Pontífice, enfatizando que “os cristãos deveriam perceber todos os dias os sinais do Pai Celeste, o seu falar conosco hoje”.

 

Caminhando com a Novena

A Novena de Natal foi indicada como um caminho frutuoso que a comunidade pode adotar, em preparação ao Natal do Senhor. Pode suscitar reflexões, a integração dos membros do grupo e deste com a comunidade e ainda promover gestos concretos de solidariedade, como enfatizou o assessor, que lembrou o grande número de comunidades nascidas a partir da novena de Natal.

 

Ao apresentar o conteúdo do subsídio para orientar a realização dos nove encontros, o padre Antônio Donizeth falou sobre os aspectos que devem ser observados nos encontros, como o planejamento dos ambientes, da proclamação do texto bíblico (“Uma boa leitura pode proporcionar um clima melhor para reflexão”), dos cantos e do gesto concreto, que deve ser definido no primeiro dia da novena, considerando as necessidades espirituais e materiais da comunidade.

 

 Alertando para os riscos que os grupos de novena correm, padre Antônio citou o de anteciparem a comemoração do Natal durante a novena, prejudicando a espiritualidade da festa.  Ele sugere a simplicidade de uma manjedoura vazia como principal símbolo da dimensão da “espera” que tem o Advento. “Esvaziamos o sentido, se focamos em todo o presépio já no início do Advento, e também se incluímos no ambiente da Novena de Natal estátuas de santos e santas”, ponderou.

 

Outro risco observado é o de focarem muito nos encaminhamentos para o “gesto concreto”, sugerido para o final da novena, e se esquecerem de percorrer todo o caminho de preparação para o Natal que o tempo do Advento prevê, tendo sempre como foco a missão evangelizadora da Igreja. “Em cada casa ou ambiente de trabalho que chegarem, não tenham medo de falar de Jesus!”, conclamou o padre Antônio Donizeth, ao final de sua explanação.

 

Experiências

Em momento aberto à participação, foram compartilhadas experiências de “gestos concretos” a partir das novenas de Natal, como a doação de remédios, alimentos e roupas a pessoas necessitadas no âmbito da paróquia; Amigo Secreto da Oração, no qual sorteia-se os nomes no primeirAo dia da novena e, no último, cada um revela por quem rezou durante os nove encontros; fazer a novena em casas de famílias afastadas da Igreja ou que não são católicos; organizar comissão de missionários e noveneiros em cada comunidade; visita a doentes e compromisso com suas necessidades; chá de berço do Menino Jesus; iniciativas envolvendo as crianças; novena de Natal em ambientes de trabalho e de estudos universitários; e acompanhamento de algumas famílias durante todo o ano, pelo grupo de novena, entre outras iniciativas.

 

Dom Washington Cruz revelou sua admiração por existirem tantas experiências de novenas, em diferentes ambientes. Ele ressaltou que “devemos aplaudir quem sabe criar, reinventar formas de fazer a Novena de Natal”, resgatando que essa ideia nasceu dos redentoristas.

 

Convites

O padre Vitor ainda transmitiu diversos convites, pedindo divulgação nas paróquias: 1º Simpósio de Catequistas (inscrições nas paróquias, até 20/11), 2º Encontro Arquidiocesano de Corais (23/11, na Paróquia Imaculado Coração de Maria, às 19h15), capacitação para a Pastoral da Aids (23/11, na sede do Grupo AAVE, em Goiânia, das 8h30 às 17h), celebração pelos 80 anos de vida e 50 anos de sacerdócio do padre Alaor Rodrigues de Aguiar (4/12, na Catedral, às 19h); ordenação de cinco novos padres (7/12, na Catedral, às 15h).

 

O Congresso Eucarístico arquidiocesano será o tema da última Reunião Mensal de Pastoral deste ano, em 14 de dezembro, que terminará com almoço de confraternização. Participe!

 

Eliane Borges