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02/12/2022

Não deixemos que nos roubem o sentido do Natal

Não deixemos que nos roubem o sentido do Natal - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

É grande a expectativa para as festas de fim de ano. No entanto, muitos desconhecem a origem da data do Natal assinalada no calendário cristão no dia 25 de dezembro. É sabido que nesse dia nós cristãos celebramos o nascimento de Jesus Cristo. Porém, os Evangelhos e outras fontes históricas não fornecem dados para precisar a data que, em Belém, nasceu Jesus, filho de Maria e de José. Foi o imperador Constantino, no século IV, quem fixou a data de 25 de dezembro como o dia para celebrar o Natal do Senhor.

 

E por que esta data? Nesse dia celebrava-se no império, especialmente em Roma, a festa do “sol invicto”. A noite de 21 para 22 de dezembro corresponde ao solstício de inverno do hemisfério norte. É a noite mais longa do ano. Na sequência, os dias começam a se prolongar novamente. O outono parecia ceder à escuridão, com dias cada vez mais curtos. Mas o sol vence a noite e os dias vão se tornando de novo mais longos. A luz do sol, tão necessária à vida, torna a iluminar e aquecer.

 

Esse belo fenômeno da natureza está na origem de diversos cultos religiosos. Não foi difícil adotar a festa do “sol invicto” e torná-la cristã. Alguns textos corroboram para isso, como o cântico de Zacarias segundo o evangelista Lucas: “Graças às entranhas de misericórdia de nosso Deus, pelas quais, do alto, nos visitará o sol nascente, para iluminar os que estão nas trevas e na sombra da morte, e dirigir nossos pés no caminho da paz” (1,78-79). Para os cristãos, o verdadeiro sol é Jesus Cristo, luz que ilumina todo ser humano. Somente Ele pode dizer de si mesmo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha na escuridão, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

 

Para os cristãos do hemisfério norte, sobretudo europeus, é quase incompreensível celebrar o Natal sem o frio, sem a neve, sem o aconchego das casas fechadas, das pessoas ao redor da mesa e aquecidas pela lareira. Pode-se dizer que o Natal para nós brasileiros é celebrado também sob o signo do sol, propriamente, do sol de verão. Muitos associam as festas natalinas com as férias e viajam para o litoral. Outros se arranjam em famílias e grupos para comemorar, com trocas de presentes e ceias compartilhadas.

 

E quantos cristãos celebram essa noite sem ater-se ao principal? O mercado desviou o foco d’Aquele que é o Filho de Deus para as mercadorias transformadas em sonho de consumo das pessoas. Mesmo para nós cristãos, o Natal pode se tornar uma festa pagã, se dele retiramos o sentido, não dando sequer espaço para a luz do Menino Deus brilhar na escuridão de uma sociedade desigual, violenta, preconceituosa, superficial.

 

Não deixemos que nos roubem o sentido do Natal. A data de 25 de dezembro é para ser a memória do mistério amoroso de Deus, que abraça toda a humanidade enquanto renasce na coragem dos que abrem seus braços para acolher os pobres, os moradores de rua, os sem-teto, os que se prostituem, os encarcerados, os portadores do vírus HIV, os idosos, os migrantes… Como o sol não brilha dentro de uma casa com portas e janelas fechadas, a luz de Jesus Cristo não penetra em corações obcecados pelas compras, pelas festas, pelos presentes, pelas viagens. Ele, Jesus, prefere manjedouras.

 

Trecho do livro “Diakonia da Palavra”, de Dom João Justino de Medeiros Silva. (26.12.2018).

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