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16/02/2022

Missa de Posse Canônica em Goiânia – Homilia Santuário Basílica da Sagrada Família – 16.02.2022

Missa de Posse Canônica em Goiânia – Homilia Santuário Basílica da Sagrada Família – 16.02.2022 - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

Irmãos e irmãs em Jesus Cristo, eis-me aqui. Com essas palavras apresento-me disponível a esta Igreja de Goiânia como seu quarto arcebispo. Minha missão de primeiro servidor me une com laços muito especiais e próprios a cada um de vocês. Estou feliz de ter dito sim ao Santo Padre que, em nome da Igreja, me enviou. Não foi isto que a pouco ficou demonstrado quando apresentei as Letras Apostólicas de minha nomeação? Agradeço a confiança da Igreja ao me conferir esta missão. Agradeço ao Papa Francisco. Creio que a vontade de Deus é esta. Eis-me aqui.

 

Somos e estamos aqui todos como irmãos. Nesta grande fraternidade eclesial apresento-me com as palavras de Jesus, tal qual acabamos de escutar na proclamação do Evangelho: “Estou no meio de vós como aquele que serve”. Mas, damo-nos conta de que a discussão entre os discípulos, sobre qual deles seria o maior, se deu à mesa da eucaristia. Como assim? Eles não tinham acabado de celebrar a ceia pascal com Jesus? De comer do mesmo pão dado por Jesus como seu corpo? De beber do mesmo cálice de vinho entregue por Jesus como seu sangue a ser derramado? Não escutaram o apelo de Jesus “fazei isto em memória de mim”? Por que deixaram surgir entre eles essa pergunta danosa que instaura divisões?

 

Ocorre, irmãos, que os discípulos – e, também, nós – padecemos de uma lentidão do coração para crer. Chegamos a tocar o mistério e, ainda, assim, continuamos com modos de pensar e de agir alheios ao ensino de Jesus. Ele, fala com sabedoria e ensina com amor. Pacientemente, ele retoma o ensino e diz: “Os reis das nações as dominam, e os que as tiranizam são chamados de benfeitores. Quanto a vós, não deverá ser assim; pelo contrário, o maior dentre vós torne-se como o mais jovem, e o que governa como aquele que serve”. A pergunta feita por Jesus enfatiza o que ele ensina com palavras e gestos. Se recorrermos ao evangelho de São João e nos permitirmos juntar os relatos de um e de outro evangelista, diríamos que a Ceia foi entrecortada pelos lava-pés e os discípulos não entenderam o lugar escolhido por Jesus, que lhes perguntara: “Compreendeis o que vos fiz?”. E, ainda, “Pois, qual é o maior: o que está à mesa, ou aquele que serve? Não é aquele que está à mesa? Eu, porém estou no meio de vós como aquele que serve!”

 

Se assim o fizermos, não correremos o risco de celebrar a eucaristia e logo em seguida discutirmos quem é o maior, ou disputarmos lugares de destaque ou puxarmos o tapete de outros ou buscarmos a melhor parte. O serviço nos cura da estreiteza de pensar que é sendo maiores que somos os melhores, os mais amados e os mais protegidos. O serviço é a prática da kênosis, do auto esvaziamento de nossas pretensões de ser o maior. Só Jesus Cristo é o maior, E ele escolheu o lugar do menor, o lugar daquele que serve. Ele é o exemplo.

 

Amados irmãos e irmãs. Quero viver esta página do evangelho a cada dia do meu ministério. E convido toda a Igreja de Goiânia para encarnar junto comigo esse ensinamento do Senhor. Seremos sempre mais uma Igreja servidora, que descobre o seu melhor lugar para a missão, para o anúncio, para a profecia, para a caridade: estar no lugar daquele que serve. Inspirados pelo serviço de Jesus. Uma Igreja sinodal é uma igreja diaconal, que se inclina sobre os abatidos e cansados para reerguê-los, que se inclina diante do mistério da dor de cada pessoa para se solidarizar e ajudar, que se inclina junto aos caídos nas estradas – por motivos tão diversos e perversos – para dar a mão e colocá-los de pé.

 

Saúdo e convido a vocês, leigos e leigas, para trilharmos este caminho do serviço. Sei que vocês já estão nessa direção. Vocês são a grande maioria da Igreja e estão servindo nas comunidades eclesiais de base e paróquias, nas associações e nos pequenos grupos, nos movimentos eclesiais e movimentos sociais, nos ministérios a vocês confiados e nas pastorais, no mundo do trabalho, da educação, da cultura, da saúde, da política, da segurança pública. Enfim, vejo uma multidão como que vestida com aventais servindo nas mais diferentes situações, na Igreja e na sociedade, imbuídos do amor a Jesus Cristo e do seu sonho de uma fraternidade universal. Quanto importante é o serviço eclesial aos irmãos sem trabalho, sem teto e sem terra. Nós os serviremos juntos nas pastorais sociais, grande patrimônio da igreja no cuidado com as pessoas e testemunho de luz num mundo infelizmente marcado por sombras e trevas. Obrigado, queridos leigos e leigas. Quero caminhar bem junto com vocês. Quero com vocês trabalhar por uma Igreja sinodal, de comunhão, participação e missão.

 

Entre vocês estão muitos jovens, rapazes e moças, cheios de esperanças e de sonhos, de buscas e de perguntas. Muitos de vocês jovens logo percebem que há dois modos de estar na igreja e no mundo: ou sentado à mesa ou servindo a mesa. Jovem, eu te convido, venha se somar a nós, nos diferentes projetos da nossa Igreja de Goiânia. Venha descobrir seu lugar de identificação com Jesus Cristo. Venha ser conosco uma Igreja servidora da vida, da verdade, da fraternidade. Nós já temos um encontro marcado, a Lectio Divina. Vamos nos encontrar lá na Paróquia Universitária São João Evangelista no sábado dia 5 de março para a primeira Lectio. Chegarei cedo para acolher cada um de vocês.

 

Queridos consagrados e queridas consagradas, venho me somar a vocês no serviço a esta Igreja. Que bela a expressão diversa dos carismas. São todos eles inspiração de Deus para que a consagração seja como uma vela a se consumir enquanto serve iluminando. Quero tão logo conhecer cada uma de suas comunidades, de seus projetos, ir lá com vocês onde estão servindo. Sei que muitos de vocês estão entre os mais pobres dos pobres. Quero que me levem lá nessas realidades. No mosaico desta Arquidiocese vocês são pedras de muitas cores que o Espírito Santo vai harmonizando para a beleza do culto que agrada a Deus, amar como seu Filho amou, isto é amar doando-se e até mesmo correndo riscos por estar do lado de quem está marginalizado.

 

Prezados diáconos, vocês são chamados de ícones do Cristo servo. A vocação de vocês na Igreja é um permanente convite para que todos vivamos nossa fé nos gestos de serviço aos irmãos. E esses gestos são tantos. Não se restringem ao culto eucarístico, mas se desdobram no cuidado com as pessoas nas diferentes situações humanas, no cuidado com a Casa Comum qual serviço à vida da terra e à ecologia integral, na economia de comunhão inspirados em Francisco e Clara, na educação em favor do humanismo solidário, na cultura do encontro e da paz, na comunicação da verdade. Queiram me ajudar a viver o meu episcopado nessa dinâmica servidora, portanto, diaconal. Caminhemos juntos. Aos diáconos esposados peço que levem às esposas e filhos minha saudação.

 

Queridos padres, diocesanos e religiosos, chamados de “fiéis cooperadores da ordem episcopal”. Isso não significa que vocês são meus servidores, mas que participam de modo especial de meu serviço episcopal. Quero contar muito com vocês e quero que contem comigo para seus desafios, suas lutas, suas dúvidas, suas buscas. Quero, também, partilhar de suas alegrias. Creio que elas são sempre maiores do que as dificuldades que por vezes ficam engrandecidas em razão de nossos medos. De vocês quero sempre me aproximar como Jesus no lava-pés. Disposto a me inclinar. Vivamos no espírito de uma comunidade sacerdotal que recebeu a missão de servir evangelizando. E façamos tudo que nos cabe, com aquele amor de quem tem a liberdade de repousar no coração de Jesus. Somos servidores de Jesus, mas ele preferiu nos chamar de amigos. Cultivemos a amizade que se nutre do evangelho. Aos jovens vocacionados e seminaristas, diocesanos e religiosos, nós apostamos em vocês e queremos acompanhá-los para que após iluminado discernimento se somem a nós na missão de servir o Povo de Deus. Não alimentem em vocês a discussão dos discípulos sobre quem é o maior. Vocês já sabem a resposta de Jesus. Abracem-na.

 

Querido Dom Levi Bonato, bispo auxiliar. Eu posso lhe chamar de servidor auxiliar ou servidor mais próximo de mim? Já percebi como o senhor tem disposição espiritual para a comunhão no serviço eclesial. Sinto-me acolhido pelo senhor e o acolho com irmão nesta missão da qual vamos partilhar tão intensamente. Cresça a fraternidade entre nós para sermos incentivo a outros que poderão ver em nós servidores da koinonia.

 

Meu querido Dom Washington, meu querido patriarca. Sucedê-lo é uma bênção e uma grande responsabilidade. O senhor ofereceu sua vida à Igreja do Brasil, particularmente neste Regional onde está como bispo há 35 anos. Os seus últimos 20 anos de zelo, cuidado e serviço à Igreja de Goiânia nos permitem hoje avançar mais seguros. Qualquer agradecimento que eu lhe fizer será muito pouco por tudo o que o senhor fez. Já disse ao senhor que quero tê-lo como referência. Escutá-lo será muito importante para compreender o que esta Igreja pede de mim. Saiba que terei a alegria de zelar por seu bem-estar. Que nada lhe falte. Sobretudo não lhe falte incontáveis expressões de carinho e cuidado que eu, Dom Levi, o clero, os consagrados e os leigos e leigas nos comprometemos a lhe oferecer. Irmãos e irmãs, confirmam o que eu estou dizendo a Dom Washington?

 

Meus irmãos bispos da Província Eclesiástica e do Regional Centro Oeste, quanto é bom encontrá-los aqui. A Igreja nos confiou o serviço ao povo de Deus destas dioceses. Que bom poder me somar aos senhores nessa missão. A Província e o Regional são instâncias muito interessantes para vivermos a sinodalidade. Presididos por Dom Waldemar Passini Dalbello, somos um Regional da CNBB situado numa região de grande importância para o país. Ouvi como jovem estudante de teologia que a força da Conferência Episcopal é a colegialidade que se efetiva nos gestos de fraternidade, de apoio, de interajuda, de efetiva comunhão entre os bispos. Caminhemos assim. Sabemos que existem desafios a nos pedirem a coragem de maior unidade entre nós. Quanto mais estreitos forem os nossos laços de comunhão episcopal, mais ganhará o Povo de Deus. Como um pequeno gesto dessa comunhão, quero lhes dizer que nossa casa aqui em Goiânia é a casa de todos vocês. Eu e Dom Levi teremos a alegria de recebê-los sempre que por aqui vierem.

 

Amado Dom Walmor, sua presença aqui é marco de uma amizade iniciada há mais de quarenta anos. Desde os encontros das jornadas vocacionais em 1980 lá Arquidiocese de Juiz de Fora, de escaladas vocacionais, até a alegria singular de tê-lo como o bispo que me ordenou bispo. Fui seu aprendiz, como aluno e formando, quando trabalhamos juntos nas paróquias Imaculada Conceição em Benfica e Bom Pastor, no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, na Comissão de Doutrina da CNBB, na Arquidiocese de Belo Horizonte como seu bispo auxiliar. Sua atuação lúcida, corajosa, respeitosa e inteligente à frente da CNBB tem nos balizado na direção do essencial de nossa missão, não obstante a complexidade de situações e de temas que envolvem nosso ministério. Sua presença aqui reforça em mim e em cada irmão bispo o afectus collegialis. Na conferência episcopal, o senhor, como presidente, poderia ser chamado de o maior. Mas o que estamos vendo neste seu mandato é o exemplo de quem tem se desdobrado a cada dia para estar entre nós como aquele que serve, não medindo esforços nem em meio a gravidade da pandemia. Muito obrigado. O Senhor lhe conceda muita sabedoria, saúde e alegrias.

 

Que beleza saber que os senhores são também interpelados pelo evangelho de hoje. Sei que todos têm se esforçado por viverem o mandato como serviço. Sei, outrossim, que também os senhores, como nós, são tentados a não permanecerem no lugar de quem serve. Agradecido pela presença de cada um dos senhores nesta celebração, rogo ao Santo Espírito o dom do discernimento que lhes é imensamente necessário no exercício do poder público. Não lhes falte a lucidez de quem eleito deve guiar-se pelas leis e zelar para que elas efetivem o sentido fundamental da política: a promoção e defesa do bem comum. Sejam como nos apela o Papa Francisco, promotores da fraternidade e da amizade social. Aceitem minha disposição de envidarmos esforços conjuntos para ver nosso povo viver com dignidade, com seus direitos respeitados, sobretudo trabalhando pela superação das desigualdades sociais que ferem a dignidade da pessoa humana.

 

Estão conosco muitos irmãos e irmãs que vieram da Arquidiocese de Montes Claros como que a me entregar à Igreja de Goiânia. Foram menos de cinco anos muito intensos de serviço àquela amada Igreja. Como foi bom estar ali, mergulhado no Norte de Minas com suas riquezas de toda ordem e com muitos desafios. De que Igreja bonita eu me despedi ao ouvir mais uma vez: Sai da tua terra e vai. Muito obrigado a vocês por todo esforço de virem aqui para participarem comigo desse novo início. Não há como se esquecer da história breve, mas intensa, que vivemos juntos. Na pessoa de Dom José Alberto Moura, arcebispo emérito de Montes Claros, com quem estreitamente convivi nestes anos, o meu abraço de gratidão a cada um de vocês. Guardarei na memória do coração tudo o que juntos vivemos. Se eu puder servi-los ainda de alguma forma, queiram me dizer.

 

Estendo meu abraço aos irmãos e irmãs que vieram da Arquidiocese de Belo Horizonte, Igreja onde iniciei meu episcopado. Quanto aprendizado ali me fortaleceu para a missão de Montes Claros. Ainda estou abastecido daquela experiência que certamente também aqui em Goiânia muito me ajudará. Na pessoa de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, o meu abraço agradecido.

 

Ainda quero agradecer a presença e comunhão da Igreja de Juiz de Fora, berço de minha vida e de meu ministério sacerdotal. Quanta história de vida, amizade, serviço onde vivi até os quarenta e cinco anos. Na pessoa de Dom Gil Antônio Moreira, meu agradecimento aos que vieram de Juiz de Fora e por tudo o que aquela Igreja, agora em preparação para seu centenário, me ofereceu e continua a me oferecer, sobretudo pela comunhão da oração. Na pessoa querida e amida de Dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo de Pouso Alegre, agradeço os anos de comunhão de ministério no Regional Leste 2.

 

Permitam-me saudar minha mãe, Dona Lourdes, e minhas irmãs Rita de Fátima e Maria do Carmo que vieram comigo de Juiz de Fora. Meus irmãos, Mauro Tadeu e Diác. Emílio Heleno nos acompanham de suas casas juntos de suas esposas. Meu pai, Justino Emílio, nos acompanha do céu. Ele partiu aos 85 anos exatamente no dia 16 de fevereiro de 2016. Obrigado pelo carinho de vocês.

 

Irmãos e irmãs, não se pode servir sem proximidade e sem conhecimento das realidades pessoais e sociais. Não trago na pasta um plano de evangelização ou decisões prontas para isto ou para aquilo. Trago a experiência pequena de dez anos de episcopado vividos nas amadas igrejas de Belo Horizonte e de Montes Claros. Vivi nas Minas e nas Gerais. Trago meu coração alargado para dar espaço em mim a fim de acolher a história, a cultura, os valores, as tradições, as riquezas de Goiás e de seu povo. Trago os olhos bem abertos também para as belezas dessa região do Brasil central, cujas maravilhas do cerrado precisam ser cuidadas e protegidas por todos nós. É nosso chão, é nossa casa comum, é nossa possibilidade de futuro como povo e sociedade. Trago meus pés firmes para caminhar e ir ao encontro das pessoas e das diferentes situações humanas e sociais para fazer-me próximo a fim de intuir qual meu papel de pastor em cada situação. Peço ao Senhor aumentar minha disposição para visitar, qual Maria sua mãe, apressadamente, e chegar aonde estão nossas unidades pastorais, as comunidades, as paróquias, os santuários, as casas religiosas, as associações, as escolas, os hospitais, os seminários, os conventos, os muitos locais dos nossos serviços eclesiais e sociais... Quem me dera poder parar em cada casa para saudar cada família, para colher o convite de ir à cozinha, sentar-me e tomar um cafezinho com uma broa de fubá...  

 

Trago minhas mãos abertas para estendê-las a quem aceitar minha companhia na missão que nos foi confiada. Especialmente as ofereço à Pontifícia Universidade Católica, marco da presença do evangelho no diálogo com a cultura e a ciência, fundamental dispositivo para o serviço em setores especializados onde o encontro com os diferentes profissionais qualifica o serviço da Igreja nas suas muitas contribuições à sociedade brasileira. Nesse caminho de mãos abertas, pode nos inspirar a poesia de Cora Coralina: “Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende”.

 

Prezados irmãos e irmãs, trago meus ouvidos abertos e atentos para escutar as pessoas em busca do discernimento e da compreensão do que me caberá. Para compreender cada uma das instituições da Arquidiocese ou ligadas a ela e trabalharmos juntos para potencializarmos seus objetivos.

 

Tenho muita clareza que estou iniciando o pastoreio numa Igreja cuja história é muito bonita e rica. Ao contemplar seus pastores, peço ao Senhor que me conceda uma porção da serena profecia de Dom Fernando, uma porção da tenacidade de Dom Antônio Ribeiro, uma porção da sabedoria de Dom Washington. Ao contemplar a ação evangelizadora destes quase 70 anos de história da Arquidiocese, preciso escutar os veteranos que se desdobraram para chegarmos aqui, mas também os jovens que nos provocam com suas percepções e perguntas.

 

Eu, também, chego aqui como um romeiro para me dirigir à casa do Divino Pai Eterno. Farei isso no próximo domingo. Não será dessa vez que irei a pé. Mas quero logo me juntar ao povo goiano nesse percurso de fé, de devoção, de confiança no amor do Pai, neste chão abençoado com o nome de Trindade. Nosso Santuário, que atrai peregrinos de todo o Goiás e de outras partes do Brasil é uma escola de fraternidade. O mistério trinitário, núcleo das verdades da fé cristã, tem os mais importantes desdobramentos na vida espiritual de cada um de nós. Eu antevejo que pôr os pés no território do Santuário do Divino Pai Eterno é comprometer-se a viver “assim na terra como na Trindade”, isto é, abraçando o estilo trinitário de vida, fonte inexaurível da vida da igreja sinodal e misericordiosa. Especialmente, ali quero fazer silêncio e orar, pedindo ao Divino Pai Eterno que me fez seu filho no batismo, que me faça cada vez mais discípulo de seu Amado Filho Jesus, e me fortaleça com os dons do Espírito Santo a fim de eu ser como Maria, fiel até o fim, de pé, junto à cruz dos crucificados na história.

 

Entendo que todo Santuário é um tesouro para a Igreja. Sobretudo porque buscam os santuários especialmente os pobres, outro tesouro que o Senhor nos confiou. Nos Santuários todos se sentem em casa. E quem ali vai, é chamado a reconhecer a todos como irmãos. Por isso disse que o Santuário é uma escola de fraternidade. Ali pobres e ricos podem se encontrar sem distinções diante dos olhos do Pai. E ao sairmos dos Santuários, deveremos sair dispostos a diminuir as formas de desigualdade social que ferem a dignidade humana. O que mais quer o Divino Pai Eterno senão que nós vivamos realmente como irmãos? O que mais quer o Divino Pai Eterno senão que nós seus filhos sejamos construtores de uma civilização do amor?

 

Quero finalizar. E o faço com uma saudação muito especial a um número quase incontável de pessoas que nos acompanham por meio das TV Pai Eterno, da Rede Vida, das redes sociais da Arquidiocese de Goiânia. Que privilégio esta forma comunhão que a tecnologia nos oferece. Amigos, familiares, pessoas que nos querem bem nos acompanham. Deus abençoe a todos. E a você que pode vir aqui celebrar, a você que trabalhou para nos acolher, a você que deu o melhor de si para este momento, a você que se uniu a nossa Arquidiocese de Goiânia neste dia. Muito obrigado.

 

Quero colocar meu ministério e a vida de cada um de vocês, irmãos e irmãs, nas mãos daquela que se apresentou como serva do Senhor, a virgem pobre de Nazaré, modelo para nosso serviço, Maria, nossa querida Mãe Auxiliadora. E faço isso com a ajuda de todos vocês que sabem cantar tão bonito a “Ave Maria”. Fiquemos de pé.

 

Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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