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27/04/2020

Vida: Um dom de Deus

Vida: Um dom de Deus - Palavra do Arcebispo - Arquidiocese de Goiânia

Queridos irmãos e irmãs,

 

Quando um casal de esposos descobre que terá um filho, na esmagadora maioria das vezes, essa notícia, que pode acontecer em estágios primordiais da gravidez, traz consigo uma grande alegria. É o sonho de ser pai e mãe que se torna concreto e, mesmo que não expresso deste modo, é a concretização do sonho da vida que se perpetua, que faz com que uma família, um povo, a humanidade continue a existir. Desde o primeiro instante o filho é acolhido e amado, na maioria das vezes lhe é dado inclusive um nome. Pai e mãe acariciam a “barriga” e manifestam carinho por aquela nova pessoa que, mesmo sem ter forma anatômica semelhante à de um adulto, é amado e respeitado na sua condição de um novo membro daquela família, daquele povo, da humanidade. Tudo isso indica a relação interpessoal que começa a se estabelecer e, por conseguinte, a convicção de que uma nova pessoa humana passou a existir e deve ser amada e acolhida.

 

Algumas vezes, por razões diversas, o processo de desenvolvimento daquele novo ser humano é comprometido durante alguma de suas etapas, de tal modo que em um ou mais aspectos, ele não se dá como se esperava. A pergunta é: ele deveria, por esse motivo, deixar de ser amado, acolhido, promovido, cuidado porque o seu desenvolvimento não é completamente normal? Ou poderíamos perguntar de outro modo: pai e mãe deveriam deixar de ter uma relação interpessoal de amor com aquele que acariciaram na “barriga” e que continua ser aquele a quem eles deram o nome e que se alegraram com sua chegada, porque o seu desenvolvimento não é completamente normal? A resposta é óbvia: ele continua a ser ele mesmo, isto é, o João ou a Maria, e continua a ser uma pessoa humana e, por isso, deveria continuar sendo destinatário do amor dos pais.

 

Quando os pais recebem um diagnóstico de um filho que nascerá com alguma deficiência, estamos diante de uma situação difícil, desafiadora, exigente, mas que requer dos pais um amor verdadeiramente de pais, ou seja, um amor que cuida, protege, promove porque estão diante de seu filho, de uma vida ainda mais necessitada de cuidado e proteção. As despesas com um filho que tem necessidades especiais, a falta de estrutura ou o curto período de vida da criança causam muito medo e insegurança certamente, mas tudo deveria ser superado pela união da família, pelo apoio, inclusive material e monetário, dos familiares próximos, da comunidade religiosa, do estado, tudo em função de cuidar da vida inocente e especialmente necessitada de proteção.

 

A convicção que a Igreja Católica tem de que, desde a concepção, estamos diante de uma nova pessoa humana, se apoia nas diversas ciências positivas – tais como a genética, a embriologia, a fetologia e a genética embrionária – e nas ciências humanas – tais como a filosofia e a antropologia. Como afirma a genética embrionária, do momento da fecundação em diante, guiado por leis que são intrínsecas ao seu patrimônio genético humano, o embrião humano passa a se desenvolver autonomamente dentro do útero materno. Ele não é mais parte do corpo da mãe, mas é uma unidade unicelular individual e autônoma que, dentro do ambiente uterino, se desenvolve passando por diversas etapas, sucessivas e ininterruptas, de modo que cada uma absorve a anterior e prepara a posterior, até que aquela nova vida, inicialmente unicelular, passa a ter várias células, que depois se organizam em tecidos, depois em órgãos e, por fim, em sistemas que pouco a pouco se definirão anatomicamente como um corpo sempre mais parecido na sua forma com o de um adulto. Entre o embrião humano unicelular e o ser humano adulto, como afirma a antropologia e a filosofia, temos uma continuidade ontológica e genética que nos obriga a dizer que, apesar de o embrião não ter um corpo semelhante ao de um ser humano adulto, nos seus diversos aspectos, é também um ser humano, em uma fase diferente do seu desenvolvimento, que goza de todos os direitos dos demais, inclusive de ter a sua vida promovida e protegida. Isso significa que o bebê de 38 semanas, prestes a nascer, foi um bebê de 23 semanas, de 12 semanas, um embrião de 4 semanas e de alguns poucos minutos ou segundos de vida. É o mesmo ser humano, no nível ontológico e existencial, que passa por diversas etapas. Se não respeitamos esse critério ontológico que define a existência de uma nova vida, então degringolamos a reflexão, criando critérios arbitrários, segundo a conveniência do defensor, para afirmar quando começa uma nova vida humana.

 

Em meio a esta crise sanitária, devemos outra vez nos embater com uma ação que quer garantir o direito de fazer o aborto às mães cujos filhos são portadores do Zika vírus e que, eventualmente, poderiam nascer com microcefalia. Diante disso, reafirmo a posição da Igreja Católica contrária ao aborto, pois este é um atentado direto e voluntário contra a vida de um inocente. Uma lei que aprovasse tal ato seria falaz, não cumprindo as verdadeiras exigências de uma verdadeira lei moral. Acolhamos em toda e qualquer circunstâncias a vida como dom de Deus.

 

Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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