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01/06/2017
Desafios e perspectiva para a família
Vivemos um tempo de profundas mudanças que muitos têm chamado de uma mudança de época.
Vivemos um tempo de profundas mudanças que muitos têm chamado de uma mudança de época. Um tempo de grandes transformações no modo de ver a realidade e de interagir com ela. Tais transformações afetam profundamente o homem e suas estruturas, e a família não está isenta, ela é profundamente afetada.
Neste tempo de mudanças, percebemos a presença de luzes e sombras. São luzes a maior liberdade de expressão, os avanços e as conquistas das ciências, a promoção e a valorização da mulher, a superação de preconceitos e racismos, o melhor reconhecimento dos direitos da criança e do idoso, a revolução da ternura proposta pelo papa Francisco, as novas metodologias de ação pastoral envolvendo crianças, jovens, casais e idosos, a disponibilidade de casais e famílias para viverem com profundidade sua experiência religiosa em encontros, comunidades paroquiais, comunidades de vida e grupos pastorais. São sombras: o individualismo exacerbado (cada pessoa considerada como uma ilha ou “cada um no seu quadrado”, ou cada pessoa se conduzindo por seus interesses particulares colocados como absolutos), os fundamentalismos religiosos e políticos, a crise de fé, a solidão (grande pobreza contemporânea), a predominância do financeiro sobre o humano, a banalização e relativização da vida, a mentalidade utilitarista, hedonista e pragmática, e tantas outras realidades.
Nesse contexto, a Igreja é chamada, por meio de sua Ação Evangelizadora, a dizer uma palavra de verdade e de esperança, a transmitir segurança e confiança. Isso ela faz fundando-se em sua convicção profunda sobre os grandes valores da vida humana, do matrimônio e da família, construídos considerando-se o projeto de Deus (o Evangelho da Vida, do Matrimônio e da Família). Tais valores ainda se constituem como uma resposta diante das buscas e aspirações que atravessam a existência humana.
"Urge construirmos uma Ação Evangelizadora conjunta, por meio da Pastoral Familiar e de todos os movimentos, serviços, institutos e comunidades de Vida que têm a família como sua missão"
Para que isso se concretize, urge construirmos uma Ação Evangelizadora conjunta, por meio da Pastoral Familiar e de todos os movimentos, serviços, institutos e comunidades de Vida que têm a família como sua missão. Essa Ação Evangelizadora precisa acolher as pessoas em sua existência concreta, fomentar o desenvolvimento de suas legítimas buscas e aspirações, encorajar o seu desejo de Deus e a sua vontade de sentir-se plenamente parte de uma Igreja viva e comprometida, apresentar a beleza da vida humana (desde a fecundação até o seu término natural), do matrimônio cristão e da família.
Continuaremos, nestes artigos, refletindo sobre essa Ação Evangelizadora e o compromisso da Igreja e de cada um de seus membros (leigos, religiosos, sacerdotes), nos diversos movimentos e pastorais, institutos e comunidades. É tempo de ouvir o chamado de Cristo dirigido aos discípulos, em seu tempo, e dirigido a nós em nosso tempo: “Avancem para águas mais profundas” (Lc 5,4). É preciso ir ao encontro das pessoas em suas realidades familiares e seus relacionamentos, e mostrar que cada pessoa e cada família é chamada, por Deus, a ser uma luz para um mundo que luta contra as trevas. Deus criou a luz para colocar ordem na criação, criou a família para dar ordenamento também à vida do homem e da mulher.
Dom Moacir Arantes
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia
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