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12/05/2017
Família
Uma parábola da família e uma proposta de cuidar das famílias
Estamos reiniciando, neste espaço, uma série de artigos, mensagens, partilhas, que envolvem a ação evangelizadora das famílias por meio da Pastoral Familiar arquidiocesana de Goiânia. Convido você a acompanhar essas reflexões, esperando que cresça também sua compreensão sobre o projeto pastoral que nossa Igreja particular abraça, em sua missão, de promover, cuidar e defender a vida, a família e o matrimônio, a partir do projeto de Deus.
Quero partilhar uma parábola que li um tempo atrás e aqui apresento, com pequenas intervenções, para o início de nossa conversa: “De Jerusalém, uma família descia rumo a Jericó. Descia sobre os caminhos tortuosos e difíceis da história. Trazia as esperanças e os projetos inspirados em sua experiência de Deus. Numa curva da estrada, foi assediada pela Modernidade – tão marcada pelo relativismo, ateísmo prático e secularismo. Essa época não era má por natureza e nem pior do que tantos outros tempos. Da família tentou roubar, em primeiro lugar, a fé que por séculos a sustentara. Depois tirou-lhe casa e a terra, o trabalho e a saúde, o direito à educação dos filhos e a alegria de gerá-los, apresentando-os como peso e despesa. Tirou da família toda coisa boa que o amor e o carinho lhe ofereciam. Tirou-lhe, enfim, a serenidade e o aconchego do lar, a solidariedade da vizinhança e a hospitalidade sagrada para com os caminhantes e os pobres.
A Modernidade deixou-a, assim, quase morta, à beira da estrada e foi banquetear-se com o Materialismo, o Consumismo e o Neoliberalismo, o Socialismo e tantos outros “ismos” ideológicos e contrários à proposta do Evangelho, rindo da desgraça da família.Aconteceu que passaram por aquele caminho pensadores, ideólogos, anarquistas, moralistas, curiosos que não acreditavam na recuperação da família e não se importaram em ajudá-la.
Finalmente, logo após, passou Jesus. Viu o estado deplorável da família e compadeceu-se dela. Curvando-se, curou-lhe as feridas, aplicando-lhe o óleo da ternura e o vinho da misericórdia. Depois, carregou-a nos ombros, levou-a à Igreja e, entregando-a, lhe disse: “Eis quem te trago! Já paguei por ela tudo o que devia ser pago. Comprei-a com meu sangue e quero fazer dela a minha pequena esposa. Não a deixe mais sozinha pelo caminho, em poder dos tempos. Alimente-a com a minha Palavra e com o meu Pão, e, ao meu retorno, pedir-lhe-ei contas dela”.
Essa parábola nos faz, sacerdotes e leigos, refletir sobre a grande responsabilidade da Igreja frente às realidades que envolvem as famílias, todas elas, em qualquer situação. Não somos juízes dos tempos assim chamados modernos, mas somos chamados a estar, como servos, nesta “estalagem”, onde o Senhor Jesus confia a guarda e os cuidados daqueles que Ele mesmo, na sua misericórdia, resgata e recupera.
A Igreja, por meio de seus diversos organismos, pastorais e movimentos, vive a permanente preocupação do cuidado com a pessoa humana e com a família, onde ela nasce. Esse cuidado é a expressão maior do amor que ela dedica a seu Senhor ao acolher o seu mandato: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”, “Dai-lhes, vós mesmos de comer”, “Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que fizestes”.
Acreditar na família é construir o futuro, e o futuro que construímos é a realidade do Reino de Deus que, embora não seja pleno em nossa realidade humana, aqui começa e se desenvolve. Acredite e lute pela família! Valorize a sua família e respeite as outras famílias! Ore pelas famílias!
Dom Moacir Silva Arantes
Bispo auxiliar de Goiânia
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