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19/02/2018
Lançada Campanha da Fraternidade 2018
Superar a violência exige atitudes concretas de fraternismo
O crescente aumento da violência em nosso país foi fator essencial para a escolha da temática da Campanha da Fraternidade neste ano. São múltiplas as formas de violência que têm levado o cidadão de bem a investir em proteção privada, uma vez que sente o descontrole e o fracasso do Estado diante da criminalidade. Esse fator, conforme o texto-base da campanha, deixa claro: “Todavia, essa aparente proteção também aumenta, colateralmente, o isolamento. Mantém-se à distância não só o potencial inimigo, mas também o amigo”.
De norte a sul do país constata-se uma epidemia de homicídios superior a de muitos países no mundo. O Mapa da Violência no Brasil, de seis anos atrás, dá conta de números assustadores.
Com o tema, “Fraternidade e Superação da Violência”, e o lema, “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), a Campanha da Fraternidade deste ano propõe não o combate da violência, mas superação dela. Outra cultura, porém, só é possível quando nos reconhecermos irmãos. Nos vários momentos de lançamento da campanha, seja em âmbito nacional, como no arquidiocesano, a temática foi tratada com destaque para a importância de considerar o outro como irmão, a fim de que seja construída uma cultura de não violência nos vários espaços sociais.
Lançamento Nacional
Na Quarta-feira de Cinzas (14), durante o lançamento nacional da CF-2018, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Dom Sergio da Rocha, afirmou que “construir a Fraternidade para superar a violência é o objetivo da Campanha da Fraternidade”. Ele considerou que embora seja importante a ação de cada um de nós, é preciso de ações comunitárias e reiterou que “a Igreja não pretende oferecer soluções técnicas para os problemas que aborda, mas o valor da fé e do amor que mostra que o semelhante não é um adversário, mas um irmão a ser amado”. O evento contou com a presença da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.
Reunião Mensal de Pastoral
O tema central da primeira Reunião Mensal de Pastoral do ano, realizada no dia 10 de fevereiro, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), foi o enfrentamento da violência na perspectiva da Sagrada Escritura, apresentado pelo vigário da Paróquia São Francisco de Assis, do Setor Leste Universitário, frei Fernando Inácio Peixoto de Castro. Em sua fala, ele destacou que somos criados irmãos, por Deus. Na Bíblia, disse ele, a violência começa quando Caim mata seu irmão Abel. “Ali vemos a primeira falta de fraternismo que tem como consequência a violência”, salientou. De acordo com o frade, ser irmão é ser próximo, é praticar a justiça, a generosidade, isto é, abrir espaço para o irmão. “Violência é transgredir a aliança; violentar é violar a aliança e esta aliança violada gera injustiça, guerra. Antes, porém, precisamos entender que violência é uma emoção humana que nasce da ira. É seu descontrole que causa violência”. Qualquer um é capaz de tornar-se violento, segundo frei Fernando, desde que não administre suas emoções, e as atitudes para não se tornar violento são, entre outras, buscar o irmão e pedir perdão. Aos pais cabe o dever de gerar filhos. “Como os filhos saberão ser irmãos, respeitar o espaço do próximo se seus pais não lhes dão a oportunidade de terem irmãos?”.
Na Arquidiocese
No lançamento arquidiocesano da CF-2018, o nosso arcebispo Dom Washington Cruz comentou o trecho do evangelho que narra a traição e prisão de Jesus (Jo 18, 11), em que o apóstolo Pedro, para defender o mestre, corta com uma espada a orelha de um dos servos do sumo sacerdote. “Guarda a tua espada”. “Guarda a tua espada que dissemina violência e mentiras pelas redes sociais, a espada do egoísmo contra os pobres, do racismo, da prepotência, da xenofobia, do machismo; guarda tua espada que mata pelo tráfico, pelo feto eliminado do útero”, enumerou. Frei Fernando, mais uma vez, fez uma síntese do tema à luz da Sagrada Escritura: “A CF deste ano põe a Igreja na esteira da recuperação do senso de fraternidade e motiva a nos desarmar para sermos irmãos, não transgredindo, mas contendo as emoções”, afirmou
Quarta-feira de Cinza
Na homilia da missa presidida por Dom Washington, na Catedral Metropolitana, ele destacou que a Igreja não está alheia aos grandes dramas vividos pelos homens e mulheres de nosso tempo. “A problemática vivida pela nossa população quanto à violência deve receber da Igreja um olhar como o olhar do próprio Deus”. Ele apontou ainda alguns caminhos para a superação da violência na sociedade. “É preciso que todos nós, Igreja, comunidades, instituições, governos, olhemos para as atitudes de Jesus que indicam como devemos fazer para que a paz e a justiça aconteçam: é preciso fazer-se criança, tornar-se o menor dentre todos; é preciso não desprezar nenhum dos pequenos, aqui entendidos não apenas como as crianças, mas, também, todos aqueles que necessitam do amparo social; e, por fim, é preciso perdoar sempre”.
Fúlvio Costa
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