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23/10/2017
Refletindo com os Goianienses
Certamente, temos muito a festejar no aniversário de Goiânia, no próximo dia 24.Uma cidade jovem, diante da história de outras capitais, que, desde o seu nascimento, há 84 anos, tem sido berço fecundo para os que aqui nascem, mas também porto acolhedor dos que aqui chegam de todas as partes do Brasil e do mundo, trazendo seus sonhos de uma vida melhor. Nesse sentido, tem uma face cosmopolita, pois não rejeita os diferentes sotaques e traços culturais que chegam e somam-se ao caldo cultural já existente, na maioria das vezes, enriquecendo-o. Vejo essa característica com bons olhos, porque acredito que o desenvolvimento da tolerância cultural seja base também para a aceitação maior das diferenças nas formas de pensar e agir no mundo. Isso nos afirma o exemplo de Jesus Cristo, que incluiu todos os seres humanos em seu projeto redentor. Por tudo isso, parabéns aos goianienses!
É claro que, o crescimento, muito além do planejado para determinados tempo e espaço, traz inúmeros problemas. Muitos deles são grandes e precisam ser enfrentados e sanados, para que os goianienses conquistem melhor qualidade de vida. Mas, não somos uma ilha. Inúmeros problemas são oriundos do nosso tempo, da forma como nos relacionamos com o planeta, as tecnologias e as pessoas; dependem dos referenciais que adotamos individualmente, na família, na comunidade, no trabalho, na Igreja.
Em nossa capital e em todo o mundo, diariamente são divulgados índices sobre violência: nos lares, no trânsito, na escola, no trabalho, no lazer. E mesmo trancados a sete chaves, a violência nos atinge, nos alcança. Seja pelo arrombamento de nossas casas, subtraindo nossos bens e nossa dignidade, ou pela invasão da nossa vida emocional, por palavras que nos roubam a paz e a alegria de viver. E para isso, o que não faltam hoje são meios, que vão do analógico ao digital. A incoerência de nossos atos frente ao que professamos, ou mesmo a nossa falta de abertura para o diálogo pacífico em situações desafiadoras, são elementos construtores do caos. Nunca fomos tão ricos em tecnologias de comunicação, e a nossa dificuldade em nos comunicarmos é o que atrapalha a construção do bem comum.
Convido toda a Arquidiocese de Goiânia a ir fundo nessa reflexão comigo: o que promove todo esse paradoxo? Certamente, um dos elementos causadores é a intolerância, mas, o que causa a intolerância? O que nos faz acreditar que somos melhores do que outros? Que estamos totalmente certos e os outros totalmente errados? Que temos o direito de viver em determinadas terras e outros não? De falarmos e outros não? Que é certo uns terem tudo e outros nada? Quais os sentimentos que nasceram com a humanidade e a acompanham até hoje, empurrando-a para uma vida infernal, nesta terra, afastando-a da harmonia, de uma vida plena de significado e, consequentemente, do Reino de Deus?
O jeito que estamos vivendo é o jeito que sonhamos para nós, nossos entes queridos e para toda a humanidade? O que cada um pode fazer para melhorar a vida de todos nós? De uma coisa tenho certeza: é preciso parar e ouvir o que Deus nos diz, para respondermos a essas perguntas. Ele nos fala, por meio de seu Filho Jesus e do Espírito Santo; de Nossa Senhora, que Ele nos deu como auxiliadora; do exemplo de vida de todos os santos e santas, mas também dos homens e mulheres de boa vontade.
Goiânia merece mais vida.
Sejamos a vida que nossa gente merece!
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
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