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06/10/2017
Jovens precisam de Qualificação e Oportunidades
Uma cena que me enche de esperança no futuro da humanidade é quando vejo jovens trabalhadores e honestos, que honram sua família. E, graças a Deus, temos muitos jovens assim. Responsabilizar-se por si mesmo, fazer o melhor que pode na sua família e comunidade, são formas concretas de colaborar para a edificação de um mundo cada vez melhor. “Ser” a mudança que queremos ver no mundo é uma atitude digna do cristão.
Ao contrário, é motivo de grande preocupação o crescente contingente de jovens que estão desperdiçando suas vidas, dons de Deus, passando a maior parte delas no sofá, estagnados, na ilusão de estarem “navegando” por todo o mundo nas redes sociais (que pode tornar-se um vício), “viajando” na dependência química ou vagando pelas noites em busca de sentido para viver onde não podem encontrar nada, além de vazio e frustrações.
O egocentrismo, a falta de empatia e solidariedade, a indiferença para com os problemas da sua casa e do seu mundo, crescem como ervas daninhas no chão de nossa sociedade, atingindo em cheio o coração da juventude. É comum saber de filhos que exigem dos pais ou responsáveis o custeio em todas as suas demandas, sem se preocuparem em trabalhar para conseguir o que desejam. E esse comportamento não está presente somente nas classes mais favorecidas. A análise desses comportamentos é necessária, para repensarmos a educação que estamos oferecendo às crianças e jovens em casa, na escola, na Igreja e na comunidade.
“Os resultados obtidos pelo Cesam e outras obras de idêntico perfil alimentam nossa esperança”
Certamente, a fé, a educação e o trabalho podem ser caminhos de mudança e superação desse quadro. São celeiros da boa semente. E felizmente, muitos homens e mulheres de boa vontade se ocupam do seu plantio. Um desafio é a taxa média de desemprego entre jovens de 14 a 24 anos, em nosso país, que vem crescendo e já estava em 27,2% em 2016, em relação a 2015 (IBGE). Ao mesmo tempo, o rendimento médio real da mesma faixa etária, no mesmo período, apresentou queda de 3,6%. Nesse contexto, muito mais complexo do que podem mostrar as estatísticas, temos que valorizar as iniciativas que lutam contra as marés do mercado e outros problemas que atingem os jovens, capacitando-os para o mundo do trabalho e ajudando-os a conseguir o primeiro emprego.
Uma das grandes obras voltadas a esse objetivo está sendo divulgada na edição 176 do Jornal Encontro Semanal, o Cesam (Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador), que é um modelo de instituição salesiana mantida pela Inspetoria São João Bosco (ISJB). Seu objetivo é “contribuir para o fortalecimento do vínculo e da convivência familiar e comunitária de adolescentes e jovens, pela oferta de qualificação profissional, de formação para a vida em sociedade e a inserção no mercado de trabalho”.
Os resultados obtidos pelo Cesam e outras obras de idêntico perfil alimentam nossa esperança no futuro dos jovens, do nosso país e do planeta. Esse trabalho mostra que os jovens podem superar as mazelas que os atinge, por meio da formação espiritual, da qualificação profissional e de oportunidades para inserção social, mas, acima de tudo, pela amorosidade cristã, que tudo pode transformar.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
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